sábado, 27 de abril de 2024

Operação Faroeste: Falso cônsul de Guiné-Bissau é apontado como chefe do esquema

Foto: Divulgação

Redação

Adailton Mauturino, um dos presos ontem na Operação Faroeste, é apontado na investigação como idealizador e articulador de todo o esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), desarticulado pela Polícia Federal. A operação afastou ontem desembargadores da Corte, incluindo o presidente Gesivaldo Britto.

Passando-se por cônsul de Guiné-Bissau, Mauturino  fez fortuna no Oeste da Bahia a partir de 2015, quando uma área de 366 mil hectares, equivalente a cinco vezes o tamanho de Salvador, foi passada ao borracheiro José Valter Dias e a esposa Ildenir Gonçalves Dias por meio de uma portaria administrativa do TJBA.

De acordo com o Correio*, a área era ocupada desde a década de 1980 por cerca de 300 produtores de soja, os quais, após a edição da portaria, passaram a ser prejudicados por uma série de decisões do Judiciário. Os produtores chegaram à região, incentivados pelo Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados em 1984.

Um ano depois, Valter Dias e a esposa entraram com ação judicial possessória até que quase 30 anos adiante, em 2017, uma liminar do juiz Sérgio Humberto Sampaio, emitida em plena colheita, forçou os agricultores a deixarem as terras, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

Ainda segundo o Correio*, os produtores foram forçados a fechar acordos considerados extorsivos com os novos proprietários, pelos quais tinham que pagar parte de sua produção para que pudessem permanecer nas terras disputadas. O valor cobrado variava entre 25 e 80 sacas de soja por hectare, parcelado em até seis anos.

O Ministério Público Federal aponta que o valor total pago pelos agricultores chegou a R$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, José Dias criou uma holding, a JJF Investimentos, para administrar as terras e receber as sacas de soja. Seus sócios são o filho, Joilson Gonçalves Dias, e Geciane Maturino, esposa de Adailton.

O falso cônsul movimentou R$ 34 milhões, entre 1º de outubro de 2013 até hoje, entre créditos e débitos, dos quais R$ 14,5 milhões “não apresentam origem e destino”, conforme relatório que embasou a decisão do Superior Tribunal de Justiça

Dessa forma. Adailton Mauturino vivia uma vida de festas e luxos: R$ 3 milhões para um show de Cláudia Leitte, evento no Wet’n Wild com a dupla Bruno e Marrone e direito a pulseirinhas do “camarote do cônsul”, lanchas, carros importados, imóveis e avião também fazem parte da lista de ostentação.

20 de novembro de 2019, 08:24

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