Reformistas, progressistas e idiotas – por Gustavo Falcón
O ministro-chefe da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha, já avisou que a pauta do Congresso até o final do ano deve se concentrar em quatro temas decisivos para a sociedade brasileira: as reformas previdenciárias, trabalhista, tributária e política.
Esta última é conversa. O que não se mudou em décadas não se mudará em seis meses, ainda mais com um Congresso desqualificado e um Governo interino. Mas as três primeiras podem sair. Todas para “precarizar” como dizem os sociólogos a qualidade do emprego e submeter o trabalhador a mais tempo de serviço, menos dinheiro no final da vida e mais impostos do que já pagam.
A oposição consequente a esse pacote anunciado está enfraquecida e até desmoralizada porque acabou sujando as mãos com a lama da burguesia que tanto condenou.
Resta ao movimento sindical se livrar do adesismo produzido na era petista e retomar o seu papel de força representativa da classe trabalhadora buscando pressionar o Congresso para que na situação de esvaziamento em que se encontram os movimentos sociais os deputados não aprovem absurdos. Mas que as reformas virão, virão.
A previdenciária tem duas justificativas inquestionáveis: o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que está morrendo, em média, aos 74 anos e o alegado rombo na Previdência causado pelo aumento das concessões e diminuição das contribuições; a reforma trabalhista é a cortina de fumaça para reduzir direitos em nome da competitividade brasileira. E a bendita reforma tributária, é claro, não vai taxar grandes fortunas nem restringir direitos de herança; vai, sem dúvida, como aliás já está seno alardeado, instituir mais impostos como a CPMF.
Quanto à reforma política, se limitasse o número de legendas de aluguel por alguma artifício já seria um ganho. E, quiçá, instituísse a propaganda partidária paga isentando o contribuinte do ônus desse besteirol.
O fato é que a nova composição congressual abre portas para o ingresso do país nessa nova fase de sua “mentalidade” capitalista sempre com atraso de décadas. E vamos fazer isso sob a hegemonia de uma Câmara liderada pela direita. Qualquer idiota que esperar da reforma aspectos progressistas é porque se assemelha ao personagem do Hélio Gáspari, Eremildo.
Gustavo Falcón é é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br