sexta-feira, 26 de abril de 2024

Pulando fora… – por Pacheco Maia

Não. Não fiquei na folia baiana, não. Pulei fora. Faço isso há anos. Já curti muito aquela que a Bahiatursa dizia ser a maior festa popular do planeta. Isso foi dos anos 70 até o final dos 80, durante minha adolescência e início da juventude.

Depois, pra mim, perdeu a graça. Acho que sofri um envelhecimento precoce, porque aquele mesmo tipo de música (e sempre as mesmas) que dominou a trilha sonora do Carnaval de forma ditatorial, mesmo já tendo expirado o regime militar, soava como coisa de retardados. Não tinha saco, não. Pulei fora.

Mas tenho que reconhecer que os caras que promoveram, digamos assim, essa “profissionalização” do Carnaval de Salvador criaram um negócio lucrativo, ganharam muito dinheiro. E não ficaram limitados à terrinha. Expandiram-se pelo País. Chegaram a dominar a indústria fonográfica. Exportaram o formato da festa e toda a estrutura com suas micaretas e carnavais fora de época.

Antes de pseudo-intelectuais começarem a falar em “indústria criativa”, essa turma da nova folia baiana já tinha botado o bloco na rua. Meninos do Marista, Vieira, 2 de Julho, Social, colégios da classe média naquela época, que iam fazer intercâmbio nos EUA, voltavam com a cabeça mais ligada nos “business”. Perceberam que a festa era um campo fértil.

E era… Só que, a exemplo dos produtores de cacau na Bahia, essa turma não se interessou em diversificar o negócio. Fecharam-se neles próprios. Acharam que a galinha de ovos de ouro era eterna. Preferiram professar a pobre lógica do “time que está ganhando não se mexe”. Eram metidos a moderninhos, mas demonstraram total ignorância sobre um imprescindível elemento na dinâmica dos negócios: inovação.

Essa turma agora precisa entender que o Carnaval de Salvador sempre foi um celeiro de inovações. A começar pelo Trio Elétrico de Dodô e Osmar, Trio Tapajós e tantos outros exemplos inovadores que, ao longo de mais de 60 anos, são a alma do sucesso da festa e a mantiveram sempre em alta. Chegou a hora de voltar a inovar em tudo. Até mesmo nas cabeças que organizam a festa e administram os negócios carnavalescos.

Quanto ao mercado imobiliário, o cenário continua sombrio, refletindo a economia do País. A evasão de recursos da poupança bateu novo recorde em janeiro. Isso indica mais dificuldades para quem pretende comprar um imóvel financiado. O crédito vai ficar ainda mais escasso. Insisto na tecla. Enquanto a bruxa permanecer no Planalto, não haverá melhores dias. Impeachment já!

Pacheco Maia é jornalista, vencedor do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo 2001 e escreve sobre mercado imobiliário desde 1998, quando iniciou na Gazeta Mercantil, onde atuou como correspondente até 2009. Ele escreve sobre Mercado Imobiliário no Toda Bahia. E-mail: pacheco.maia@todabahia.com.br

06 de fevereiro de 2016, 12:10

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