sábado, 4 de maio de 2024

Os laços emocionais dos seres humanos com os animais irracionais – por Tatiana Matos

A relação entre os seres humanos e outras espécies animais remonta há milhares de anos. A domesticação por assim dizer é uma prática antiga desde o periodo pré-histórico e acompanha a História da Civilização. De acordo com os professores Murphey e Ruiz-Miranda a domesticação é um ato de um mutualismo, uma dependência recíproca entre humanos e espécies domesticadas. Importante então destacar a definição do Dicionário Michaelis de mutualismo, qual seja: “forma de simbiose de que ambos os simbiontes, ou associados, tiram vantagens”.

No entanto, as opiniões diferem sobre a domesticação, por exemplo, Ingrid Newkirk, ativista dos direitos animais, co-fundadora da People for the Ethical Treatment of Animals – PETA, autora de diversos livros sobre libertação animal é famosa por sua oposição à interferência humana na vida dos animais e desaprova a idéia de animais de estimação. A referida organização tem um slogan que diz “Os animais não são nossos para comer, para vestir, para fazer experiências, para nos entreter”.

Já Stephen Budiansky, químico e jornalista científico, destaca que os animais escolhem ser domesticados e por assim dizer preferem o conforto confiável do cativeiro à vida dura na natureza e que o processso de domesticação é vantajoso para os humanos e para os animais.

Fato é que uma vasta literatura destaca os benefícios na saúde fisiológica e psicológica que os animais proporcionam aos seres humanos e acredito que a recíproca para os animais seja verdadeira. Nem digo sobre os cães treinados para assistir pessoas com deficiências fisícas e idosos. E nem especificamente de como a convivência com os animais podem diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, redução dos níveis de triglicérides, colesterol e pressão sanguínea. Falo nos benefícios da convivência que muitas vezes ajudam de sobremaneira no bem estar psicológico e recuperação de doenças psiquiátricas, melhora no cuidado pessoal e da auto-estima.

E não me causou espanto o resultado de uma pesquisa desenvolvida na universidade japonesa Azabu que concluiu que a troca de olhares entre dono de um animal de estimação, no caso específico de um cão, dispara os níveis de ocitocina no cérebro dos dois, em um processo semelhante ao de uma mãe com o seu filho, e para os que querem apurar mais o assunto sugiro a leitura do artigo que foi publicado na revista Science.

O que estou falando é de estabelecimento de laços emocionais, de afetividade e amorosidade na vida, de uma reciprocidade não exigida, mas, com carinho imediato. E definitivamente quem ama vive mais feliz. Padre Fábio de Melo ao falar de seus animais de estimação afirma com segurança que ” de repente a voz nos chama. Age a força gravitacional que mantém a ordem dos vínculos, E então nos resta obedecer. Voltar aos que amamos, ao horizonte de sentido onde as coisas já deixaram de ser coisas, onde a matéria já está espiritualizada, toda impregnada de amor”.

Termino então esta coluna transcrevendo o Artigo 13º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais: “Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante”.

Tatiana Matos é advogada, mestra em Desenvolvimento Sustentável na UnB, professora, consultora e sócia-coordenadora da Área Ambiental no Escritório Romano Advogados e Associados. Ela escreve às quintas-feiras sobre Meio Ambiente no Toda Bahia. E-mail: tatiana-matos@uol.com.br

07 de abril de 2016, 14:00

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