sexta-feira, 26 de abril de 2024

O que o agronegócio pode esperar do governo Temer – por José Lopes

Foto: Presidente Michel Temer e o novo ministro da Agricultura, Blairo Maggi

Desde a última quinta-feira (11), o Brasil tem um novo governo federal comandado pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB) e um novo ministério, que assume com ele a tarefa de recuperar a economia brasileira, que vive uma crise sem precedentes desde o final das eleições presidenciais em outubro de 2014.

No Ministério da Agricultura, sai a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) e assume o senador Blairo Maggi (PP-MT), que já disse que irá trabalhar junto com o ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho (PV-MA), para criar um ambiente propício ao desenvolvimento do agronegócio brasileiro.

A mudança acontece às vésperas da Bahia Farm Show 2016, maior feira destinada ao agronegócio no Norte-Nordeste do País, realizada no município de Luís Eduardo Magalhães de 24 a 28 de maio, e que deverá contar com a participação de Maggi na sua abertura.

Engenheiro agrônomo formado pela UFPR, ex-governador do Mato Grosso por duas oportunidades e fundador do Grupo Amaggi – um dos principais exportadores de soja no País -, o novo ministro da Agricultura já disse que não abre mão do direito do produtor rural de produzir dentro da lei, com a prorrogação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para todos os produtores e que não irá perder tempo com debates sobre a revogação do Código Florestal atual, que ele próprio ajudou a construir enquanto era governador do Mato Grosso.

Ele também se comprometeu em estudar minuciosamente o Plano Safra 2016/2017, lançado às pressas pela ex-ministra Kátia Abreu no último dia 04 de maio, para saber se o Plano atende às demandas dos produtores, com a renegociação de dívidas e a recuperação do financiamento. E disse não compreender o porquê das ações destinadas à agricultura familiar não estarem sob o comando da sua pasta, mas ligadas ao recém-criado Ministério Social e Agrário, oriundo da fusão dos ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Outro aceno importante do governo Temer para os produtores rurais partiu do novo ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes. Ele declarou que irá combater qualquer tipo de ação criminosa por parte dos movimentos sociais.

Difícil retorno – Como se sabe, a ex-ministra da agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO), foi uma das pessoas mais leais à presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), chegando ao ponto de se declarar corresponsável pelas pedaladas do Plano Safra da Agricultura Empresarial, que chegaram ao valor de R$ 13,5 bilhões em 2015 e resultaram na ação de pedido de impeachment de Dilma.

Acontece que a senadora é a presidente eleita da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que apoiou abertamente o impeachment e que está, digamos, de relações cortadas com Kátia. Em tese, ela tem de cumprir uma “quarentena” de 180 dias estabelecido pelo Conselho de Ética da Presidência da República antes de retornar ao comando da CNA.

Caberá ao baiano João Martins, presidente em exercício da CNA e amigo de Kátia Abreu, a difícil tarefa de harmonizar os interesses da principal entidade do agronegócio brasileiro.

José Lopes é jornalista, diretor-executivo do Toda Bahia e escreve quinzenalmente sobre agronegócio aos domingos. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

15 de maio de 2016, 07:40

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