sexta-feira, 26 de abril de 2024

Fazer churrasco está 20% mais “salgado” – por José Lopes

por José Lopes (j.lopes@todabahia.com.br)

Fazer churrasco no Brasil está em média 20% mais “salgado”. E não é apenas a falta de boi, frango ou porco nos açougues que tem empurrado os preços para cima. A cotação do dólar, que já acumula uma alta de 50,13% em 2015, torna as exportações muito mais atraentes para os pecuaristas do que o mercado interno.

Apesar da moeda norte-americana ter fechado a semana cotada abaixo de R$ 4, ninguém sabe até quando o governo estará disposto a usar suas reservas para segurar a alta. Ou seja, está muito mais vantajoso vender carne para gringo fazer churrasco. E a tendência este ano é de que as exportações de carne ultrapassem os habituais 20% do volume embarcado pelo agronegócio brasileiro.

No mercado interno, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, a carne  bovina registra uma valorização acumulada de 19,85% nos últimos 12 meses. O quilo da carne bovina de primeira, como patinho e coxão mole, tem sido vendido a quase R$ 20. Já o quilo da bisteca suína tem saído por menos de R$ 7, enquanto coxa e sobrecoxa de frango ficam em torno de R$ 6,40.

Mas com o aumento da demanda pelas carnes suína e de frango, também elas estão sofrendo uma alta nos preços que, de acordo com o Cepea/USP,  está em torno do mesmo patamar de 20%.

Outro motivo para a subida dos preços do frango e do suíno é o aumento dos custos com ração, principalmente à base de farelo de soja e milho, commodities estas que acumulam uma valorização média de 11% com a alta do dólar.

avicultura

Nesse cenário de alta, ainda sem perspectiva alguma de queda, nem a velha frase “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” pode ser aplicada. Nesse cenário, ou “o bicho” come carne um dia sim, um dia não, ou vai ter que virar vegetariano.

José Lopes é jornalista, diretor executivo do Toda Bahia e escreve sobre agronegócio aos domingos. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

27 de setembro de 2015, 13:40

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