sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crise política e cenário externo sacodem o mercado – por Rommel Cavalcanti

Nesta terça-feira (8) a Bovespa fechou em queda de 1,72% e o dólar subiu a R$ 3,81. Dois fatores interferiram mais decisivamente para este comportamento do mercado brasileiro: números negativos do comércio exterior da China e a tensão política interna.

As exportações chinesas caíram 6,8% em novembro último, em comparação a novembro de 2014. No mesmo período, as importações do país recuaram 8,7%, Este comportamento vem afetando fortemente o preço das commodities no mercado internacional, que tem a China como principal consumidora de tais produtos. Os preços do minério de ferro e do barril de petróleo, por exemplo caíram aos níveis de 2009.

As ações das empresas extrativas e siderúrgicas brasileiras estiveram em queda. Os papéis preferenciais da Petrobras caíram 0,83% e os da Vale caíram 5,28%. Já as ações ordinárias da CSN se desvalorizaram em 6,37%.

A esse conjunto de notícias ruins com relação às commodities no mercado internacional, somou-se o clima de tensão política interno para afetar negativamente a Bolsa de Valores de São Paulo. O dia começou sob o impacto da carta do vice-presidente Michel Temer enviada ao gabinete da presidente Dilma Russeff.

Este foi o ponto de maior estresse na conturbada relação de Temer e Dilma, levando um dos maiores aliados do vice-presidente, o ex-ministro Eliseu Padilha, a declarar que Temer está consultando deputados, senadores e líderes regionais do PMDB para aferir o sentimento do partido sobre o impeachment. A declaração, é claro, alarmou o Planalto.

A crise política traz preocupações adicionais aos investidores. Existe um temor de que o seu agravamento apresse a perda de grau de investimento do Brasil por mais uma agência de avaliação de riscos internacional, o que faria o país perder capitais de fora que hoje estão aqui investidos.

Influenciado pelo cenário negativo interno e externo, o mercado de câmbio operou pressionado e com forte volatilidade. A cotação do dólar variou da mínima de R$ 3,747 à máxima de R$ 3,822, até fechar a R$ 3,81.

Enquanto isto, no setor produtivo, a nossa economia continua seu viés de queda. Segundo dados do IBGE, a produção industrial de outubro recuou 0,7% em relação a setembro. Comparados os dados de outubro último com os de outubro de 2014, a indústria apresenta uma retração de mais de 11%.

O Brasil continua, portanto, a sua via crucis neste final de 2015, um dos piores anos para a nossa economia no novo milênio.

Rommel Cavalcanti é graduado em Economia e Direito, Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, com MBA em Economia pela George Washington University e especialização em Gestão de TIC, Direito do Trabalho e Direito Processual. Ele é auditor fiscal pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz) e escreve sobre economia às quartas-feiras no Toda Bahia. E-mail: rommelcavalcanti@yahoo.com.br

09 de dezembro de 2015, 08:00

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