sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crédito cai e juros sobem para produção agrícola sustentável – por José Lopes

A Conab acaba de divulgar a estimativa da safra brasileira de grãos 2014/2015, que deve ter um crescimento de 5,6% e alcançar a marca de 204,5 milhões de toneladas. Mas “nem tudo são flores” no setor que responde por 25% do PIB brasileiro e tem buscado aliar ganhos de produtividade com a preservação do meio ambiente.

O ajuste fiscal do governo acaba de fazer uma vítima: o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que desde 2010 estimula a recuperação de pastagens, plantio direto, florestas plantadas, integração lavoura-pecuária-floresta e tratamento de dejetos animais para a produção de bioenergia.

Como se já não bastasse a morosidade na aprovação dos projetos por parte dos agentes financeiros, que leva em média 300 dias por projeto, o ABC sofreu um corte de 30% no seu orçamento, caindo dos R$ 4,5 bilhões de 2014 para R$ 3 bilhões este ano. A taxa de juros também foi elevada de 5% para 8%.

A burocracia é apontada pelas empresas de consultoria como outro motivo para a queda do orçamento do programa, uma vez que apenas R$ 2,8 bilhões (62,2%) dos R$ 4,5 bilhões disponíveis em 2014 foram acessados pelos produtores até este momento. Como a adesão ao ABC termina em 1º de julho, o Ministério da Agricultura acredita que o valor dos empréstimos pode chegar a R$ 3,2 bilhões ou cerca de 71% dos recursos disponíveis.

A expectativa dos produtores é de que a transformação do Plano Safra em um Plano Plurianual, com pelo menos 5 anos de validade, dê mais agilidade às operações de crédito para que eles não percam as boas oportunidades do mercado.

Missão chinesa – O Brasil receberá ainda neste mês de junho a visita de uma missão chinesa que irá inspecionar oito plantas frigoríficas, sendo uma de carne suína e as outras sete de carne de  frango. Uma vez habilitadas a fazer exportações, elas se juntarão a outras 29 plantas frigoríficas de frango e seis de carne suína que já fazem embarques para a China.

Para se ter uma noção do “boom” que vive o setor, as plantas de carne de frango responderam pelo embarque de 114 mil toneladas para o mercado chinês somente entre os meses de janeiro e maio deste ano, volume 26,7% superior em relação ao mesmo período do ano passado.

Café – Os produtores de café também vivem um bom momento na balança comercial. A receita das exportações do setor chegou a U$ 2,7 bilhões nos cinco primeiros meses deste ano. O valor é 15,05% maior do que os U$ 2,3 bilhões registrados no mesmo período de 2014. Os dados são do Informe Estatístico do Café, publicado mensalmente pelo Departamento do Café (DCAF) da Secretaria de Produção e Agroenergia, do Mapa. Os principais destinos do café brasileiro foram a Alemanha, EUA, Itália, Bélgica e Japão.

Contudo, a Conab estima uma redução de 2,3% na safra deste ano em comparação com a safra passada, chegando a 44,28 milhões de sacas de 60 kg de café beneficiado, enquanto a produção de 2014 atingiu 45,34 milhões de sacas.

A produção de café conilon foi a grande “vilã”, com um recuo estimado em 13%. Já o café arábica deverá apresentar um acréscimo de 1,9%. A Zona da Mata mineira e o estado do Paraná são apontadas como as principais responsáveis pela evolução da cultura.

José Lopes é jornalista, diretor executivo do Toda Bahia e escreve sobre agronegócio aos domingos. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

14 de junho de 2015, 09:20

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