sexta-feira, 26 de abril de 2024

CNBB classifica relatório da CPI da Funai de “unilateral e antidemocrático”

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) classificou de “parcial, unilateral e antidemocrático” o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que pede o indiciamento de mais de uma centena de pessoas ligadas à causa indígena no Brasil.

Por meio de uma nota pública, divulgada após a reunião do Conselho Permanente da entidade, os bispos brasileiros repudiam o conteúdo do relatório da CPI que, segundo eles, desconsiderou “dezenas de requerimentos” e “não ouviu” o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão que teve 14 de seus membros incluídos na lista de possíveis indiciamentos.

De acordo com o texto, durante os últimos meses, período em que a CPI funcionou, houve um aumento da violência no campo, a exemplo das “atrocidades” ocorridas em Colniza (MT), onde ocorreu uma chacina de trabalhadores rurais em abril deste ano, e em Pau D’Arco (PA), cidade em que uma ação policial terminou com a morte de dez pessoas.

Em entrevista à imprensa convocada para divulgar o documento, o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, criticou o pedido de indiciamento de entidades “a serviço dos povos indígenas” diferentemente de pessoas que “estão em disputa” com as comunidades. “Não existe nenhum fazendeiro mencionado. Não só que não esteja, mas não se abordou a questão dos assassinatos dos povos indígenas pela segurança das grandes fazendas. Isso que nos causa muita estranheza”, afirmou.

A entidade alerta que se as proposições da CPI forem efetivadas, os conflitos podem se “agravar ainda mais”. “É preciso que os parlamentares considerem isso ao votarem qualquer questão que tenha incidência na vida dos povos indígenas e demais populações de campo. O indiciamento de missionários do Cimi é uma evidente tentativa de intimidar esta instituição tão importante para os indígenas, e de confundir a opinião pública sobre os direitos dos povos originários”, diz a nota.

23 de junho de 2017, 06:15

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