sexta-feira, 26 de abril de 2024

Cerveja para a Primavera – por Ernesto Falcón

Para aqueles que apreciam uma cervejinha nos finais de semana e gostam de brindar com um bom rótulo, segue aqui uma dica imprescindível, que separa o joio do trigo. As cervejas consideradas industriais dificilmente conseguem superar o requinte final de uma cerveja artesanal. Isso porque os ingredientes que compõem a receita das especiais, cujo nome já rotula, são categoricamente superiores, e sua produção é concebida cuidadosamente.

Sabemos que a cerveja é feita com 4 ingredientes básicos: a água (que chega a ser 97% da bebida e existe vários tipos de acordo com cada região); a levedura (que é responsável pela fermentação da cerveja); o malte (responsável a dá cor e aroma a cerveja); e o lúpulo (uma florzinha miúda mas de suma importância para a caracterização do aroma e sabor da bebida).

Essa florzinha verde é quem determina o amargor da cerveja, porém a intensidade depende da planta escolhida e da quantidade a ser usada.

lúpulo

Por ser fã de carteirinha do lúpulo, principalmente dos rótulos que carregam a mão na receita, defendo firmemente o incentivo da sua produção no Brasil. Alguns produtores se destacam no Sul e Sudeste como o agrônomo Rodrigo Veraldi, que em seu sítio em São Bento do Sapucaí (SP), produz lúpulo há mais de 9 anos.

A história de Veraldi com o lúpulo começou em 2006. “Gosto muito de trabalhar com botânica e difundir tecnologia, por isso muita gente me traz plantas para propagação. No caso do lúpulo, o primeiro passo foi separar machos e fêmeas, e com isso se passou um ano e meio até a floração”, explica.

O fato é que Veraldi descobriu que apenas os exemplares fêmeas são aproveitados na produção cervejeira. E o agrônomo afirma que para 2015 a produção ainda será pequena mas em 2016 virá de vento em polpa.

Outra experiência brasileira que mostrou ousadia foi com a cervejaria paulista Invicta. Situada em Ribeirão Preto, ela lançou a Cerveja Damiana para comemorar seu terceiro aniversário. Trata-se de uma “Bavarian India Pale Ale”, pois foram usados apenas lúpulos alemães na criação. Seu rótulo floral identifica seu sabor. A flor Damiana, nativa da América Central, é conhecida pelas propriedades afrodisíacas. Na sua combinação, essa India Pale Ale apresenta notas que lembram ervas e chás.

Um brinde à Primavera e à criatividade brasileira.

Ernesto Falcón é jornalista e escreve sobre cervejas especiais aos sábados no Toda Bahia. E-mail: ernesto.falcon@todabahia.com.br

03 de outubro de 2015, 10:00

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