quarta-feira, 24 de abril de 2024

Vale executou detonação planejada no dia da tragédia de Brumadinho

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) que investiga a tragédia de Brumadinho (MG), dois trabalhadores que atuavam na mina da Vale afirmaram que foi realizada uma detonação programada próxima à barragem no mesmo dia em que ela se rompeu.

A tragédia de Brumadinho (MG) completou hoje (25) cinco meses. No dia 25 de janeiro, a barragem da Vale no complexo minerário do Córrego do Feijão liberou uma onda de rejeitos que destruiu comunidades e alcançou o Rio Paraopeba. Desde então, segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, foram localizados 246 corpos e outras 24 pessoas estão desparecidas.

Os depoimentos concedidos à CPI da Assembleia Legislativa mineira sobre as detonações foram colhidos ontem (24). Os dois trabalhadores divergiram em relação ao horário das explosões. Um deles é o mecânico de mineração Eiichi Pampulini Osawa, funcionário da Sotreq, empresa que prestou serviços para a Vale relacionados à manutenção de equipamentos pesados. Ele disse ter assistido à detonação e calculou que ela ocorreu a cerca de um quilômetro da barragem entre 12h20 e 12h40. A ruptura da barragem ocorreu às 12h28.

“Eu fui acionado às 8h30 para dar manutenção em um trator que estava abaixo de um monte que ia ser detonado. E não poderia ocorrer a detonação, com o trator naquele local. Então eu fui fazer o serviço que tinha que fazer para tirar o trator”, lembrou Osawa.

O outro depoente foi Edmar de Rezende, o funcionário da Vale responsável pela detonação. Ele apresentou um vídeo e afirmou que a explosão aconteceu apenas às 13h33, pouco mais de uma hora após o rompimento da barragem. “Eu coloquei os explosivos aproximadamente das 10h até 12h20 e ia realizar a detonação. Porém, houve o sinal de alerta pelo rádio e eu fiquei sabendo [do rompimento]. A detonação então ocorreu somente às 13h33”, disse Edmar de Rezende.

A mineradora Vale admite ter feito detonações no dia da tragédia, mas alega que elas ocorreram apenas após o rompimento da barragem. Informações da Agência Brasil.

25 de junho de 2019, 19:56

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