sexta-feira, 26 de abril de 2024

Reformulação do Bolsa Família pode impulsionar candidaturas de Bolsonaro e João Roma

Foto: FÁBIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

Da Redação

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) envia até setembro deste ano ao Congresso Nacional a proposta de reformulação do Bolsa Família. O objetivo é tentar tirar as digitais do PT do benefício, que vai até mudar de nome. Quem comanda essa reformulação é o ministro da Cidadania, o baiano João Roma (Republicanos), que pode ser diretamente beneficiado do ponto de vista eleitoral.

Bolsonaro espera que o fortalecimento do programa, que tem o novo nome provisório de Emancipação Cidadã, impulsione a própria reeleição. De quebra, pode ajudar, em muito, numa eventual candidatura de Roma ao governo da Bahia, que está sendo abertamente discutida por aliados do presidente na Bahia e em Brasília.

Segundo reportagem publicada na revista Veja desta semana, o Emancipação Cidadã terá um volume maior de recursos do que o Bolsa Família. Há previsão, por exemplo, da criação de um auxílio-creche de R$250 às famílias monoparentais com filhos em idade escolar.

Outros dispositivos miram possíveis portas de saída do guarda-chuva assistencialista, como uma linha de crédito para financiar beneficiários dispostos a se capacitar em cursos gratuitos. Dentro da mesma linha, um dispositivo foca os moradores de áreas rurais que tenham uma porção de terra. Eles receberão R$250 por mês durante um trimestre para aprender a plantar e doar sua produção à rede socioassistencial da localidade em que vivem. O governo federal vai, ainda, destinar recursos para a compra de produtos agrícolas dos participantes.

Outra ideia do governo federal é ampliar a idade máxima dos dependentes do programa, que deve ser ampliada de 17 para 21 anos. Com essas mudanças, Bolsonaro espera agradar em cheio o eleitor mais pobre do Nordeste, que é o maior beneficiário do Bolsa Família, minando parte importante do capital político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), provável adversário em 2022.

Além disso, o Nordeste é região do país onde o PT é eleitoralmente mais forte e, em função disso, o presidente, que intensificou a agenda de visitas à região, tem interesse particular em lançar candidatos competitivos a governador.

Isso vale para a Bahia, estado administrado pelos petistas há quase 16 anos e onde o pernambucano João Roma pode ser o nome bolsonarista para tentar quebrar essa hegemonia, beneficiado pelo fato de liderar a reformulação do principal programa social da União, existente desde 2003.

Conversas com lideranças

Segundo a revista Veja, João Roma já conversou com os principais líderes do Congresso sobre a reformulação do Bolsa Família, entre eles o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). O ministro pediu empenho na aprovação da proposta ainda em 2021, já que a legislação veda o aumento de certas despesas em anos eleitorais.

Vale lembrar que o Bolsa Família sempre foi criticado por políticos e eleitores de direita por ser utilizado politicamente pelo PT para vencer eleições, principalmente no Nordeste. Na reeleição de Lula e nas duas eleições da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), várias foram as acusações de que os petistas chegavam a espalhar “fake news” de que os adversários, em caso de vitória, acabariam com o programa.

22 de maio de 2021, 12:13

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