quinta-feira, 25 de abril de 2024

Rapidinhas: Muito mais que um Fiat Elba ou pedaladas fiscais

Foto: Marcos Corrêa/PR

Davi Lemos

A saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) pode significar a ruína total do Governo Bolsonaro. Não pela mera saída do ministro, mas pelas justificativas apontadas pelo ex-juiz: desejo de interferência do presidente da República Jair Bolsonaro nas ações da Polícia Federal (com pedido de informações de inteligência) e a afirmativa de não ter assinado o decreto no qual constou a exoneração de Maurício Valeixo, ex-diretor geral da PF. Fala-se já em impeachment – temos muito mais do que um Fiat Elba ou pedaladas fiscais.

Inabilidade

Bolsonaro tornou-se o maior sabotador de seu próprio governo. Primeiro maltratou a própria base eleita com ele; como se eleger deputados, senadores e governadores guindados ao nome dele fosse uma anomalia política. Começou a minar Sérgio Moro, um dos principais pilares de seu governo, que representava o combate à corrupção. Não somente era ícone desse combate, Moro pôs na cadeia uma série de quadrilheiros aliados do PT ou do PT. E o ministro lançou a seguinte constatação: nem os petistas, que assaltaram o estado brasileiro, ousaram interferir politicamente na PF.

E a economia?

A saída de Sergio Moro trouxe abalos na economia que já sofre com a crise da pandemia do coronavírus. O dólar foi a R$ 5,72 e a bolsa despencou 7%. Antes mesmo da demissão de Moro, já se comentava sobre um processo de fritura contra Paulo Guedes (Economia) – um dos indícios seria o anúncio de um pacote de recuperação pós-crise da economia sem a participação do doutor pela Universidade de Chicago, centro natabilizado pelo difusão de ideias liberais que, dentre outros pontos, prega diminuição do estado.

A ala ideológica

Além do pilar liberal na economia, outra sustentação do bolsonarismo é o conservadorismo. Principal ícone do contemporâneo pensamento conservador brasileiro, o filósofo Olavo de Carvalho dizia que eleger um presidente da República deveria ser o último passo após uma guerra cultural – o filósofo apontava que esses foram os passos seguidos pela esquerda até a eleição de Lula em 2002: primeiro tornar o pensamento de esquerda hegemônico, como realmente se tornou na imprensa, nos meios acadêmicos e culturais; e, depois, eleger um presidente.

“Não fui consultado”

Embora seja apontado como um dos principais nomes a influenciar o governo, Carvalho escreveu hoje, no Facebook, que jamais foi procurado pelo presidente. “Se eu fosse realmente o guru do governo, nada dessa merda aconteceria. Até hoje me parece um absurdo que o Bolsonaro jamais tenha me pedido conselho, preferindo dar ouvidos a generais”, escreveu Carvalho. O filósofo, porém, atacou Moro: “O Moro nunca foi anticomunista, apenas antipetista, o que é a definição mesma do pseudoboldonarista aproveitador”. Bolsonaro afirmou que vai se pronunciar nesta sexta-feira (24), às 17h.

24 de abril de 2020, 16:39

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