sexta-feira, 19 de abril de 2024

Rapidinhas: Médicos representam no CFM contra Otto

Foto: Reprodução/TV Senado

Davi Lemos

Após a atuação durante o depoimento da médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi na CPI da Pandemia, o senador Otto Alencar (PSD/BA) – que já havia se tornado alvo de parlamentares e da militância digital bolsonaristas – sofre agora representação junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) por conta da maneira como realizou a inquirição contra a colega de profissão. Seis médicos pediram ao CFM que apure a conduta de Otto; no documento divulgado na sexta-feira (4), mas apresentado ao presidente do Conselho, Mauro Ribeiro, na quarta (2), os profissionais pedem abertura de sindicância e de processos administrativos disciplinares contra o senador baiano. Os médicos citam uma série de interrupções feitas a Nise por Otto após passar a palavra à depoente.

Inverdades

Os médicos Flávio José Dantas de Oliveira, José Cavalcante Monteiro, Carlos Antônio Dantas de Oliveira, Hélio Teixeira, Luiz Gonzaga Dantas de Oliveira e Evandro Guimarães de Souza – de Manaus (AM), São Paulo (SP), Natal (RN) e Uberlândia (MG) – citam supostas inverdades na fala do senador ao inquirir Nise, que é favorável ao uso de hidroxicloroquina para tratar a Covid em estágios iniciais. “É nitidamente inverídica e contrária à educação em saúde (…) a afirmação de que a arritmia, para quem toma a medicação, é dose-dependente e que vai exigir doses maiores do medicamento porque é uma enfermidade idiossincrática”, apontam os médicos. Eles anexaram documentos da “American Heart Association”, de 2016, e outro da OMS, de 2017, que apontam ter “(a medicação) ação tóxica direta no miocárdio, (…) após exposição de longo prazo a alta doses” e que “uso da hidroxicloroquina contra a malária tem sido associado a baixo risco de cardiotoxicidade”.

Sensacionalismo

Como já noticiou Toda Bahia, de acordo com a agência de checagens Lupa, Nise Yamaguchi acertou ao ser questionada sobre a diferença entre vírus e protozoário e que também respondeu corretamente sobre o exame que identifica imunidade no paciente: anticorpos neutralizantes. Na representação ao CFM, os médicos dizem que Otto foi sensacionalista. Os profissionais ainda pedem para o Conselho verificar se Otto é realmente ortopedista, pois afirmam não ter encontrado a informação quando pesquisaram o registro médico do senador junto ao Conselho Regional de Medicina da Bahia (CRM-BA). Nota: para ser considerado especialista, o médico precisa ter feito residência na área, ainda que não tenha registro em sociedade específica ou no Conselho.

Convocação

O ministro João Roma (Cidadania) deve ser convocado à CPI da Covid para apresentar explicações sobre a anuência do Governo Federal para a realização da Copa América 2021 no Brasil, após Argentina e Colômbia terem recusado realizar a competição em seus territórios. O requerimento foi apresentado pelo senador e integrante da CPI, Humberto Costa (PT/PE). O deputado federal pelo Republicanos, que está licenciado do cargo, comanda o Ministério que tem, dentre as suas secretarias, a do Esporte. O senador petista quer que Roma explique a posição do Ministério e do Governo para liberar a competição mesmo diante da informação de que o País enfrenta uma terceira onda da pandemia pela Covid-19.

Respondeu

Após provocação da senadora Simone Tebet (MDB/MS), segundo quem a MP da Privatização da Eletrobras virou uma caixa preta após alterações do texto na Câmara, o deputado federal Elmar Nascimento (DEM/BA), que foi relator do texto, disse que está à disposição para explicar que foram beneficiados justamente “os consumidores residenciais com redução de tarifas e as alterações o seu Estado [da senadora] com vocação para PCHs (pequenas centrais hidrelétricas)”. Elmar respondeu pelo Twitter, neste domingo (6), à provocação que Simone fez há três dias pela mesma rede social. Segundo a senadora, o Senado não pode aprovar projeto que aumenta tarifa de energia para a população e também o custo de produção.

O vapor e a santa

O vice-governador e secretário do Planejamento, João Leão (PP), esteve na semana passada em uma série de reuniões com ministros em Brasília. Durante encontro com Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Leão avistou uma réplica de um vapor que estava no gabinete do ministro e contou a história de como ele chegou, quando tinha oito anos, à Região do São Francisco com o pai a bordo de um vapor como aquele. Disse que levaria o vapor, ao que Marinho respondeu: “eu dou porque é para você, Leão”. Na visita à ministra Teresa Cristina, da Agricultura, de quem Leão afirma ser amigo desde quando era deputado federal, o secretário do planejamento levou uma imagem de Santa Dulce dos Pobres. Leão levou a imagem de presente para a ministra, com quem conversou em busca de investimentos para a produção de vinho na Bahia. O vice-governador tem sido um dos principais interlocutores do governo estadual com o federal.

Bênção de Lula

Leão, que quer ser candidato a governador da Bahia com o apoio do PT, vê um alento nas articulações realizadas pelo ex-presidente Lula com o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), para retirar o partido da base de sustentação a Bolsonaro e integrá-lo ao projeto de eleição do petista à Presidência da República em 2022. O PP tem um histórico de permitir que as representações estaduais do partido não sigam as alianças nacionais – em 2018, embora a ex-senadora Ana Amélia (PP/PR) fosse a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), o PP apoiou Ciro Gomes e Fernando Haddad na Bahia e no Piauí, respectivamente.

06 de junho de 2021, 17:08

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