quarta-feira, 24 de abril de 2024

Moro autorizou “devassa” na vida de filha de empresário para forçá-lo a se entregar

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Redação

O então juiz Sérgio Moro acatou pedido do Ministério Público Federal para realizar operações contra a filha de um alvo da Lava Jato que vive em Portugal, com o objetivo de forçá-lo a se entregar. É o que revelam novas conversas vazadas pelo site The Intercept Brasil, obtidas do aplicativo Telegram.

Moro chegou a vetar a primeira tentativa, em fevereiro de 2018, que buscava cassar o passaporte de Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe, filha do empresário luso-brasileiro Raul Schmidt, e evitar que ela saísse do país.  “Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção”, disse o então juiz em despacho.

Nathalie era titular de contas no exterior que recebiam propinas. A ideia dos procuradores era criar um “elemento de pressão” sobre o empresário, como disse o procurador Diogo Castor de Mattos.

A Justiça portuguesa havia determinado o cumprimento da extradição do empresário Para o Brasil no mês anterior, mas ele não foi localizado onde morava, em Lisboa. Em maio do mesmo ano, após novo fracasso em buscas por Raul Schmidt em Portugal, o MPF voltou a fazer o pedido a Moro, que, dessa vez, aprovou o pedido, mesmo sem que houvesse qualquer suspeita adicional contra Nathalie.

O então juiz resolveu alterar o posicionamento e aprovou a solicitação do MPF, que incluía uma “varredura” na casa, nas comunicações e nas contas da filha do empresário.

Os policiais cumpriram o mandado de busca e apreensão na casa dela, no Rio de Janeiro. A defesa do empresário alegou que ela foi coagida pela Polícia Federal a dizer onde o pai estava. O plano dos procuradores, no entanto, não deu resultado, já que, no mesmo dia, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de extradição em Portugal. A Lava Jato busca até hoje trazê-lo ao Brasil.

Nathalie foi denunciada por lavagem de dinheiro pela compra do imóvel em Paris no final de 2018, mas o caso ainda corre sob sigilo.

11 de setembro de 2019, 09:30

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