sexta-feira, 26 de abril de 2024

Miliciano disse a parentes estar sob ameaça de facção infiltrada no governo do Rio

Foto: Reprodução

Da Redação

Enquanto estava foragido, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega confidenciou ter dado 2 milhões de reais em dinheiro vivo à campanha de Witzel. A informação foi publicada em matéria da Veja desta semana. De acordo com o texto, no último dia 1º, Júlia Mello Lotufo, mulher do ex-capitão do Bope, disse que ele seria morto numa operação de “queima de arquivo” organizada pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.

Na ocasião, não quis explicar por que Witzel se empenharia na morte do marido dela, que aconteceu oito dias depois, durante operação realizada pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA), com a ajuda da equipe de inteligência da polícia fluminense. Desde então, Júlia está escondida.

De acordo com a reportagem de Veja, enquanto estava foragido, ele confidenciou à esposa ter dado 2 milhões de reais em dinheiro vivo à campanha de Witzel ao governo do Rio. Também revelou a ela quem pediu e quem recebeu as mochilas de dinheiro — repassado, nas palavras dele, como uma espécie de investimento, um seguro que garantiria proteção para tocar seus negócios clandestinos sem ser importunado pelas autoridades, especialmente a polícia.

Mas, em janeiro de 2019, no primeiro mês de mandato de Witzel, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) acusou Adriano de chefiar o Escritório do Crime e conseguiu uma ordem de prisão preventiva contra ele. Foragido, ativou sua rede de contatos e pediu socorro, invocando a ajuda financeira que prestara na campanha. Os amigos disseram a ele que Witzel queria usá-lo como um troféu, como prova da eficácia de sua política de segurança.

Adriano só viu Witzel como inimigo ao desconfiar que o governador queria implicá-lo no assassinato da vereadora Marielle Franco. Daí em diante, os pedidos de ajuda se transformaram em cobranças aos interlocutores de Witzel: “Estão querendo colocar essa morte na minha conta. Avisem a ele que eu o ajudei. Ele está deixando o MP me transformar num monstro e não vai fazer nada?”. Foi a partir desse momento, segundo seus parentes, que o ex-capitão começou a desconfiar que seu destino estava traçado.

Por meio de nota, o governador Wilson Witzel declarou que não conhecia Adriano nem recebera dele nenhum tipo de ajuda. Sobre a acusação de Júlia feita no dia 1º, informou que ela será processada por calúnia, difamação e injúria.

 

23 de fevereiro de 2020, 09:25

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