Lava Jato teria articulado apoio a Moro por conta de atrito com STF

Redação

Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo neste domingo, a partir de uma parceria com o site The Intercept Brasil, trazem novas mensagens atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

O texto revela que procuradores que atuam na linha de frente da operação articularam para proteger Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal (STF) paralisassem as investigações, em um momento crítico para a força-tarefa em 2016.

Segundo a reportagem, o objetivo era evitar que a divulgação de papéis encontrados pela Polícia Federal na casa de um executivo da Odebrecht acirrasse o confronto com o STF, ao expor indevidamente dezenas de políticos que tnha direito a foro privilegiado, e que, portanto, só poderiam ser investigados com autorização da Corte.

Moro teria ficado contrariado com o episódio por criar novo foco de atrito com o Supremo. Um dia antes, ele havia sido repreendido por conta da divulgação de escutas telefônicas envolvendo o ex-presidente Lula na época.

O termo dos procuradores e do juiz, de acordo com a troca de mensagens analisadas pela Folha e pelo Intercept, era de que o ministro Teori Zvascki, então relator da Lava Jato no STF (que morreu em fevereiro de 2017), desmembrasse os inquéritos que estavam sob o controle de Moro em Curitiba e os esvaziase num momento em que as investigações sobre a Odebrecht avançavam rapidamente.

Ainda de acordo com a reportagem, os diálogos sugerem que o incidente teria sido acusado por um descuido da Polícia Federal, quando, no dia 22 de março, ela anexou os documentos da Odebrecht aos autos de um processo da Lava Jato sem preservar seu sigilo, permitindo a divulgação do material por um blog mantido pelo jornalista Fernando Rodrigues na época.