terça-feira, 23 de abril de 2024

Herdeiro político do pai, Flávio Bolsonaro vê a sombra da renúncia

Albérico Gomez

O empresário lobista Paulo Marinho (PSL), que emprestou a casa no Jardim Botânico no Rio de Janeiro, é o primeiro suplente do senador eleito e diplomado Flávio Bolsonaro (PSL). Flávio ficou com a primeira vaga de senador na eleição passada, pelo Rio, com 4.380.418 votos (31,36% dos votos válidos). Ontem (18), o Jornal Nacional divulgou relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrando que entre junho e julho de 2017 o então deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em 48 depósitos em dinheiro. Flávio pediu ao STF para parar a investigação que envolve o seu ex-assessor Fabrício Queiroz, que entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, segundo o Coaf, movimentou R$ 1,2 milhões. O ministro plantonista Luiz Fux atendeu o pedido da defesa de Flavio e mandou parar o processo e que o mesmo subisse para o Supremo, pois o senador eleito já goza de foro privilegiado – prerrogativa atacada frontalmente em vídeo pelo então deputado Jair Bolsonaro com o próprio Flavio ao lado. O ministro Marco Aurelio Mello, com quem está o processo, disse que jogará o pedido no lixo. Ou seja, tudo volta à primeira instância, pois Queiroz e Flávio foram pegos na operação Cova da Onça (sala da Assembléia Legislativa no Rio onde os deputados estaduais acertavam propina, como no filme Tropa de Elite 2).

O pedido de Flávio ao STF foi visto como uma confissão de culpa. Uma manobra desastrada. Flávio seria uma das estrelas do Senado. 37 anos, mais velho do clã, uma eleição surpreendente, Flávio pavimentaria a carreira para substituir um o dia o próprio pai, passando antes pelo governo do Rio de Janeiro. A posse no Senado é no dia primeiro de fevereiro e Flávio, salve algum desastre, será empossado, mas se tornará um senador alvejado, sem a mesma desenvoltura e tendo que explicar o tempo todo o caso Queiroz. Pior, seu “crime” foi antes de ser eleito, portanto não tem foro privilegiado. Diante das quebra de paradigmas que Bolsonaro impôs para se eleger – entre eles o combate à corrupção – Flávio poderá ter que renunciar – ou virar personagem da velha política como um petista qualquer cheio de processos. Mas o fato de ser filho do presidente e senador da República é muito simbólico. O seu suplente Paulo Marinho, é um lobista enroladíssimo com o próprio passado (https://www.google.com.br/amp/s/exame.abril.com.br/brasil/quem-e-paulo-marinho-empresario-do-circulo-de-bolsonaro/amp/ ). Pelo suplente dava para ver o pé de Flávio na “velha política”. Talvez, Paulo Marinho vire senador. Aí é outro capítulo. Só para lembrar: o ministro da Justiça de Jair Bolsonaro é o juiz Sérgio Moro.

19 de janeiro de 2019, 11:17

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