sábado, 27 de abril de 2024

Hacker vira amigo de Geddel e atrai a atenção de presos da Lava Jato

Foto: José Cruz/Agência Brasil

O hacker Walter Delgatti Neto, acusado de grampear as principais autoridades da República, virou amigo do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Segundo informa a Veja, no dia 20 de agosto uma comemoração tomo conta do Bloco F do Complexo Penitenciário da Papuda, pois Delgatti tinha acabado de se matricular numa instituição de ensino particular de Brasília. Conhecido como Vermelho e preso na Papuda desde 3 de agosto, Delgatti virou a maior atração da chamada Ala das Autoridades. Trata-se de uma parte especial do presídio que costuma receber políticos famosos, encarcerados por corrupção, e também os considerados vulneráveis. Vermelho fez logo amizade com Geddel Vieira Lima, ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer.

Desde quando foi preso, segundo uma pessoa próxima, Delgatti vem sendo procurado por políticos e autoridades que detidos na mesma ala que ele, na Papuda, para contar o que leu nas conversas interceptadas. O que no início assustou virou o maior passatempo e diversão do hacker: as rodas de conversa para falar sobre as mensagens das autoridades. Quando conseguiu se matricular no curso a distância de Direito, recebeu parabéns de colegas. Nos banhos de sol e nas horas que passam no pátio, a atenção dos políticos geralmente é voltada para Delgatti, que grampeou autoridades como o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato.

Daí vem o interesse central desses presos pelo que o hacker tem a contar. Como Delgatti tem uma “excelente” memória – reconhecida até mesmo por agentes da Polícia Federal, que o interrogaram em duas ocasiões – e insiste em afirmar que leu todo o material antes de “vazar’” para o site The Intercept, as conversas no pátio da Papuda duram horas e despertam atenção e curiosidade dos presos, entre eles Geddel.

Geddel foi preso em 8 de setembro de 2017 após a apreensão de R$ 51 milhões em dinheiro vivo em um apartamento, em Salvador, no âmbito da Operação Tesouro Perdido. Também já estiveram confinados nesse mesmo bloco o ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures, que foi assessor de Temer, o ex-ministro petista José Dirceu e o ex-senador Luiz Estêvão.

A ala abriga hoje outros dois presos da Operação Spoofing, assim como Delgatti: Gustavo Henrique Elias Santos e Danilo Cristiano Marques. Na última semana, a Justiça Federal do Distrito Federal rejeitou soltar Danilo e Suelen Priscila de Oliveira – também presa –, apesar de a Polícia Federal ter se posicionado a favor do pedido das defesas. O Ministério Público foi contra.

Empolgado com as novas amizades na prisão, Delgatti chegou a dizer a uma pessoa que o visitou que se sente feliz com “a oportunidade de conviver com pessoas experientes” na prisão.

14 de setembro de 2019, 16:33

Compartilhe: