sexta-feira, 19 de abril de 2024

Empresário que reivindica posse dos R$ 51 mi diz que valor fazia parte de um montante de R$ 65 mi

O empresário baiano Carmerino Conceição de Souza, que reivindicou a propriedade dos mais de R$ 51 milhões em dinheiro encontrados em um apartamento em Salvador, atribuídos a Geddel e Lúcio Vieira Lima, disse que o valor seria parte de um montante de R$ 65 milhões. Esse total teria sido repassado por ele, em dinheiro, a um intermediário de Geddel, do qual não teria recebido a contra partida acertada com o ex-ministro: uma carta-fiança da Caixa Econômica Federal para fundamentar um pedido de financiamento no valor de R$ 110 milhões junto ao BNDES.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Carmerino afirmou que a negociação foi acertada pessoalmente com Geddel “no final de 2012 ou início de 2013”, quando o ex-ministro ocupava o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa. O empresário diz que o dinheiro foi entregue por um de seus sócios entre outubro e dezembro de 2015, na superintendência de Pessoa Jurídica na Bahia, quando Geddel já não estava mais na Caixa (ele foi exonerado em 2013).

Carmerino diz que foram mais de dez entregas, num total de 225 envelopes com notas de R$ 50 e R$ 100, guardados em 19 malotes. Ao Estado de S. Paulo, ele afirmou que acredita ainda ter os recibos dessa transação, mas reiterou que imagens de câmeras de segurança podem comprovar a entrega dos malotes. Ele diz ainda que já solicitou as imagens à Caixa, mas não foi atendido.

Ele afirma que a transação com Geddel não foi pagamento de propina, e diz que deu o dinheiro para receber a aplicação. Carmerino afirma ainda que conhece Geddel a pelo menos 20 anos e não acredita que o ex-ministro tenha agido de má-fé. “Se ele guardou esse dinheiro, é porque não tinha nenhuma maldade”, afirmou ao Estado.

Os pagamentos foram feitos em dinheiro, porque, segundo ele, é assim que suas empresas recebem da maioria de seus clientes. Carmerino se apresenta como presidente do grupo Polocal, , holding que reúne mais de 30 empresas em 19 Estados, com cerca de 300 funcionários. As atividades incluem, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, desde  manutenção predial à venda parcelada de veículos, e tem faturamento anual, segundo o empresário, de cerca de R$ 300 milhões.

Após a apreensão dos R$ 51 milhões e a consequente prisão de Geddel, Carmerino diz que começou a ir atrás do dinheiro. Procurou a Polícia Federal em Salvador, solicitando para visitar o ex-ministro, e foi orientado a procurar a defesa de Geddel. O advogado do ex-ministro, Gamil Foppel, por sua vez, orientou que Carmerino procurasse a PF para prestar os devidos esclarecimentos.

Foppel também enviou petição à PF, informando que o empresário “tem insistido em buscar contato com este peticionário e demais advogados do escritório, passando a proferir expressas ameaças contra a defesa técnica. “A insistência do referido senhor já tem causado estorvo ao normal funcionamento do escritório (…) diante do número absolutamente elevado de ligações diárias (que superam o total de duas dezenas)”. Em resposta ao Estado de S. Paulo, o advogado disse que as alegações do empresário, “são absurdamente mentirosas”.

Ainda segundo o Estadão, Carmerino diz que tem procurado o deputado Lúcio Vieira Lima e a Caixa, sem ter nenhum tipo de resposta. Ele afirma que sua intenção é apenas reaver o dinheiro ou receber a carta-fiança.

Em nota, a Caixa informou que vai “apurar internamente as declarações do empresário e, se necessário, acionará os órgãos competentes”. Lúcio não se pronunciou.

26 de maio de 2018, 09:19

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