quinta-feira, 25 de abril de 2024

Em novas conversas divulgadas, Dallagnol articula para excluir procuradora de audiência com Lula após crítica de Moro

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Redação

Um novo trecho de conversas atribuídas ao então juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato foi divulgado na noite de ontem, dessa vez pelo jornalista Reinaldo Azevedo, a partir de uma parceria com o site The Intercept Brasil.

Segundo a publicação, Moro teria comentado sobre o fraco desempenho da procuradora Laura Tessler em audiência: “Prezado, a colega Laura Tessler de vcs é excelente profissional, mas para inquirição em audiências, ela não vai muito bem. Desculpe dizer isso, mas com discrição, tente dar uns conselhos a ela, para o próprio bem dela. Um treinamento faria bem. Favor manter reservada essa mensagem”.

O procurador Deltan Dallagnol confirma que manterá a conversa reservada. Esse trecho foi divulgado na primeira reportagem publicada pelo The Intercept Brasil no dia 8 de junho.

Ontem, o jornalista Reinaldo Azevedo publicou o desdobramento desse comentário supostamente feito por Sérgio Moro. Dallagnol pergunta ao procurador Carlos Fernando se ele recebeu a mensagem de Moro sobre a audiência. Fernando diz que não. Então, Dallangnol encaminha a mensagem do então juiz sobre o desempenho da procuradora Laura Tessler.

Antes de encaminhar a mensagem, Dallagnol pede que Fernando se certifique de que não há ninguém por perto e que o Telegram não esteja aberto no computador. Fernando confirma e garante também que vai apagar a conversa na sequência.

Ao ler a mensagem, os dois combinam uma forma discreta de alterar a escala dos procuradores, de forma a excluir Laura Tessler da audiência com o ex-presidente Lula. Dois meses depois da suposta conversa, no dia 10 de maio de 2017, Lula foi depor pela primeira vez em Curitiba, mas estavam presentes, como representantes do Ministério Público Federal, Júlio Noronho e Roberson Pozzobon, que foram os nomes sugeridos por Dallagnol, segundo Reinaldo Azevedo, na conversa com Fernando: “Vamos ver como está a escala e talvez sugerir que vão 2, e fazer uma reunião sobre estratégia de inquirição, sem mencionar ela [Laura Tessler]. Por isso, tinha sugerido que o Júlio [Noronho] ou Robinho [Roberson Pozzobon] fossem também. No do Lula não podemos deixar acontecer”.

Na quarta-feira, no Senado, Moro foi questionado especificamente sobre esse comentário à respeito da procuradora, quando respondeu. “Eu não me recordo especificamente dessa mensagem, mas o que consta no caso divulgado pelo site é uma referência de que determinado procurador da República não tinha o desempenho muito bom em audiência e para dar uns conselhos para melhorar. Em nenhum momento no texto, há alguma substituição daquela pessoa. Tanto que essa pessoa continua e continuou realizando audiências e atos processuais até hoje dentro da operação Lava Jato”.

21 de junho de 2019, 07:24

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