quinta-feira, 25 de abril de 2024

Deputados baianos defendem aprovação do uso medicinal da maconha

Foto: Divulgação/ONG Cannalize

Da Redação

Deputados federais da Bahia já assumiram o compromisso de votar favoravelmente ao projeto que permite o uso medicinal da cannabis. A matéria, aprovada por apenas um voto de diferença esta semana em comissão especial da Câmara, segue agora para o plenário e promete render ainda muita polêmica.

A proposta foi aprovada na comissão em formato de substitutivo à original apresentada pelo deputado federal Fábio Mitidieri (PSD-SE). Alice Portugal, deputada federal baiana pelo PCdoB e que participou do colegiado, disse ao jornal A Tarde, aposta na aprovação em plenário. “Acredito que essa Câmara possa ser convencida a votar favoravelmente”, declarou.

O convencimento, segundo a deputada, deve se basear no “rigor” previsto no texto para fiscalização e produção dos medicamentes produzidos a partir da planta. Farmacêutica de formação, a deputada defende que a luta não é pelo direito de uso a erva, mas sim o direito de qualquer cidadão brasileiro poder utilizar um remédio que alivie a dor ou atenue a condição.

“Temos aqui muitas pessoas que enveredam por um fundamentalismo e tentam confundir a sociedade, mas o projeto que está sendo tratado é de um preciosismo e rigor enorme, que trata de cultivo controlado em estufa, com câmeras, extração do óleo sob fiscalização da Anvisa. Seria essencial pois baratearia de maneira exponencial o medicamento que pode ser utilizado em neurofibromialgias, epilepsias resistentes a tratamentos. É uma grande vitória para a ciência”, avaliou.

Hoje, um frasco de 30ml de óleo de CBD, componente da maconha, pode custar entre R$ 500 a R$ 1.500 e, em alguns casos, não duram nem um mês de tratamento. Se o projeto for aprovado em meio à resistência da bancada evangélica e dos conservadores, esse cenário deve mudar.

Unção das pessoas

Outro baiano que vai votar favorável ao projeto na Câmara é Bacelar (Podemos). Ele afirmou que o uso da cannabis remonta a um passado antigo, de pelo menos 3 mil anos, e que sempre foi considerada um medicamento, principalmente na Ásia, Oriente Médio e África. O parlamentar citou que existem indícios de que o óleo da erva era utilizado pelos cristãos – e até pelo próprio Jesus Cristo – “para a unção” de pessoas.

Mas, se este argumento não for suficiente para a bancada evangélica, Bacelar assegurou que o potencial econômico da planta – conhecida popularmente como maconha – pode fazer brilhar os olhos de outro grupo que tem bastante representatividade: o do agronegócio. O assunto já chegou à Comissão de Agricultura, que vai promover debates sobre o uso industrial da cannabis.

“Países como Colômbia estudam criar um hub da maconha, para distribuir para o mundo inteiro, a China tem investido alto em produtos derivados do cânhamo”, argumentou Bacelar, que lista as suas utilizações na indústria alimentícia, têxtil e de cosméticos por exemplo.

10 de junho de 2021, 09:22

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