sexta-feira, 26 de abril de 2024

Crise da Previdência: Roma diz que Bolsonaro “precisa dar o exemplo” na relação com o Congresso

Davi Lemos

“Ao líder cabe o exemplo e a condução do processo”, comentou o deputado federal João Roma (PRB/BA) sobre a nova crise gerada dessa vez com os entreveros entre o ministro da Justiça Sérgio Moro, o vereador Carlos Bolsonaro e o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM), até então grande fiador da Reforma da Previdência na Câmara. O líder a quem se refere Roma é o pai de Carlos, o presidente da República Jair Bolsonaro. “Cabe ao presidente viabilizar as condições políticas para que essa proposta seja aprovada”, disse o parlamentar baiano.

Segundo João Roma, as trapalhadas cometidas por quem está no entorno do presidente ou pelo próprio Bolsonaro “atrapalham os avanços (da reforma da Previdência) no Congresso Nacional e a coloca em situação frágil”. Os ataques do filho, apelidado por muitos como um pitbull do presidente, a pressão feita por Moro durante um churrasco com Maia pela aprovação do projeto anti-corrupção (e depois em declarações públicas) e as críticas à própria atividade política põem em cheque a aprovação das reformas, vistas como essenciais por diversos setores da economia.

“Ocorre uma reciprocidade negativa, e isso prejudica o andamento do projeto que já estava comprometido, pois ainda não há maioria”, disse Roma. Ele, que está em seu primeiro mandato como parlamentar, diz que esse clima de preconceito com a política não é bom. “Temos uma Câmara renovada em mais de 50%. Sou deputado de primeiro mandato e não tenho responsabilidade pelo que foi feito antes; o trabalho de articulação política é difícil, mas o governo não pode abrir mão disso, afinal os parlamentares também têm mandatos validados e legitimados pelo povo”, ressaltou o deputado do PRB. Roma enfatiza que a articulação deve ser realizada com gestos concretos do governo Bolsonaro.

Foi também noticiado hoje que o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, quis entrar no circuito e tentou marcar não um churrasco, mas um almoço com Maia, que rejeitou. “É de Bolsonaro o papel de liderar o processo de transformação do País”, ressaltou Roma, para quem Bolsonaro deve também tomar cuidados com “as declarações e desacertos do seu entorno familiar”.

Forças armadas

O parlamentar baiano também teceu comentários sobre a apresentação conjunta da reforma da previdência dos militares junto com a reestruturação da carreira da categoria. Roma considera que os militares foram traídos e prejudicados em governos passados e que fazem jus à reestruturação da carreira, mas ele considerou o momento inoportuno.

“É notório que os militares deixaram de participar dos avanços dados a outras categorias, mas a reforma e a reestruturação da carreira deveriam ocorrer em momentos distintos”, asseverou João Roma. A reestruturação da carreira dos militares é apontada como mais um dos fatores que dificultariam as negociações para a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso.

22 de março de 2019, 22:32

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