quinta-feira, 28 de março de 2024

Cargo prometido por Bolsonaro a Regina Duarte na Cinemateca Brasileira não existe

Foto: Reprodução/TV Globo

Da Redação

A atriz Regina Duarte anunciou sua saída do governo Bolsonaro ontem, mas disse que manteria sua contribuição para a cultura brasileira. Regina ocuparia um cargo na Cinemateca Brasileira, que, segundo a Folha de S. Paulo, não existe.

De acordo com a reportagem, a atriz pode enfrentar dificuldades para entrar na instituição, porque a Cinemateca deixou de ser administrada pelo governo federal há quatro anos. A gestão é feita por uma organização social, a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que usa características de administração privada em entidades públicas.

No modelo de organizações sociais, a Acerp possui autonomia de gestão. Portanto, teoricamente, a instituição pode decidir, livremente, pela contratação ou não de Regina Duarte.

Outra alternativa para a ida da atriz à Cinemateca seria a contratação pelo próprio governo federal para o cargo de coordenação-geral da Cinemateca, um cargo de confiança, no qual Regina atuaria como representante da Secretaria do Audiovisual e supervisionaria as ações do equipamento.

A terceira e última possibilidade, ainda segundo a Folha, seria a ruptura com o modelo de organizações sociais e o retorno da Cinemateca à administração federal.

Para o caso de contratação direta pela própria Acerp, Regina enfrentaria ainda um entrave político, já que a superintendência da instituição hoje é ocupada por Roberto Barbeiro, indicado do Republicanos, com o aval do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, apoiador do governo Bolsonaro.

Além de tudo isso, a Cinemateca está ameaçada pela falta de recursos. A Acerp assinou um contrato há dois anos com o governo, que faz um repasse anual à Roquette Pinto para gestão do espaço. Ano passado, segundo a Folha, havia previsão de entrada de R$ 13 milhões, mas somente R$ 7 milhões foram transferidos até dezembro.

A instituição tem 64 funcionários e previsão de receitas de R$ 11 milhões em 2020, uma queda de 14,7% em relação ao ano passado.

21 de maio de 2020, 09:29

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