Cargo prometido por Bolsonaro a Regina Duarte na Cinemateca Brasileira não existe
Da Redação
A atriz Regina Duarte anunciou sua saída do governo Bolsonaro ontem, mas disse que manteria sua contribuição para a cultura brasileira. Regina ocuparia um cargo na Cinemateca Brasileira, que, segundo a Folha de S. Paulo, não existe.
De acordo com a reportagem, a atriz pode enfrentar dificuldades para entrar na instituição, porque a Cinemateca deixou de ser administrada pelo governo federal há quatro anos. A gestão é feita por uma organização social, a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), que usa características de administração privada em entidades públicas.
No modelo de organizações sociais, a Acerp possui autonomia de gestão. Portanto, teoricamente, a instituição pode decidir, livremente, pela contratação ou não de Regina Duarte.
Outra alternativa para a ida da atriz à Cinemateca seria a contratação pelo próprio governo federal para o cargo de coordenação-geral da Cinemateca, um cargo de confiança, no qual Regina atuaria como representante da Secretaria do Audiovisual e supervisionaria as ações do equipamento.
A terceira e última possibilidade, ainda segundo a Folha, seria a ruptura com o modelo de organizações sociais e o retorno da Cinemateca à administração federal.
Para o caso de contratação direta pela própria Acerp, Regina enfrentaria ainda um entrave político, já que a superintendência da instituição hoje é ocupada por Roberto Barbeiro, indicado do Republicanos, com o aval do bispo Edir Macedo, da Igreja Universal, apoiador do governo Bolsonaro.
Além de tudo isso, a Cinemateca está ameaçada pela falta de recursos. A Acerp assinou um contrato há dois anos com o governo, que faz um repasse anual à Roquette Pinto para gestão do espaço. Ano passado, segundo a Folha, havia previsão de entrada de R$ 13 milhões, mas somente R$ 7 milhões foram transferidos até dezembro.
A instituição tem 64 funcionários e previsão de receitas de R$ 11 milhões em 2020, uma queda de 14,7% em relação ao ano passado.