quinta-feira, 28 de março de 2024

Bruno Reis publica artigo sobre colapso iminente em função da covid-19

Foto: Divulgação

Da Redação

Diante do iminente colapso da saúde no país, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, publicou artigo na coluna Opinião em A TARDE, no qual reflete sobre a crise causada pelo alastramento do novo coronavírus (covid-19).

Bruno Reis fala sobre os números alarmantes de óbitos, a escassez de leito e sobretudo tenta conscientizar a população sobre a importância de se manter o distanciamento social, a fim de brecar a contaminação em massa.

Leia o artigo na íntegra:

“É possível que nem todo mundo entenda quando dizemos que o sistema de saúde está à beira de um colapso. Mas desde o ano passado essa palavra colapso tem sido usada para descrever a superlotação dos hospitais públicos e privados. Nessa situação, nenhum caso de emergência pode ser atendido. Todos os leitos dos hospitais estarão ocupados.

Para evitar que isso aconteça, devido ao número cada vez mais elevado de pessoas contaminadas pelo coronavírus, tivemos de adotar neste final de semana medidas duras, com o fechamento de todas as atividades não essenciais em nossa cidade. Essas medidas se justificam por três motivos. Primeiro, o sistema de saúde da cidade (tanto público quanto privado) vive uma situação de pré-colapso; segundo, novas variantes do vírus já estão circulando em Salvador e em várias cidades brasileiras, sendo mais contagiosas e com sintomas mais graves; por fim, as vacinas não estão chegando no ritmo que esperávamos.

Desde o início da pandemia, em 2020, a Prefeitura de Salvador está fazendo tudo o que está ao seu alcance para reforçar o sistema de saúde da cidade. Acabamos de assumir a administração do Hospital Salvador, onde vamos abrir 20 novos leitos de UTI e 80 de enfermaria exclusivamente para tratamento de pacientes acometidos pela Covid. Com isso, já teremos mais leitos de UTI disponíveis do que na primeira onda, em 2020. Salvador dispõe de 236 leitos, sem contar os 10 leitos de ventilação que abrimos e que são praticamente leitos de UTI. No ano passado, no auge da pandemia, tínhamos 228 leitos.

Na medida do possível, iremos abrir mais leitos. No próprio Hospital Salvador, serão acrescentados mais 40. E começamos também as operações para transformar em hospital de campanha o ginásio que inauguramos recentemente no bairro de Itapuã. Além disso, já abrimos um novo gripário na UPA de São Cristóvão, que vem se somar aos outros cinco existentes. E vamos inaugurar um novo gripário na UPA dos Barris ainda nesta semana.

Como se percebe, estamos realizando tudo o que está ao nosso alcance para garantir o atendimento médico contra a covid. Mas é preciso ficar bem claro que no ritmo avassalador que a pandemia está se disseminando, o sistema não vai suportar, mesmo com a abertura de novos leitos. Ressalte-se também que estamos no limite não só do ponto de vista financeiro, visto que o Governo Federal, ao contrário do que acontecia no ano passado, não está mais garantindo o custeio desses leitos, como estamos também no limite do ponto de vista de contratação de profissionais de saúde. Não está nada fácil contratar médicos, enfermeiros e técnicos especializados.

O esforço que estamos fazendo ao decretar o fechamento de todas as atividades não essenciais é mais uma tentativa de barrar o contágio. Para salvar vidas. Para evitar mortes. Para evitar o colapso do sistema. Mais do que nunca precisamos contar com a colaboração de todos. É preciso que a população com maior capacidade de discernimento crítico faça o trabalho de formiguinha, buscando conscientizar aqueles que não têm acesso à informação. É preciso sobretudo conscientizar os mais jovens, convencendo-os da gravidade da situação, já que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são eles os maiores vetores da propagação da doença.

Diante dos dados sobre a situação do nosso sistema de saúde e a projeção para os próximos dias, eu tive a convicção de que precisávamos tomar uma atitude mais dura. Por isso telefonei para todos os prefeitos da Região Metropolitana de Salvador. De nada adiantaria fechar tudo em Salvador e, por exemplo, Camaçari, Lauro de Freitas e Mata de São João continuarem com suas praias superlotadas. É mais do que evidente que o cidadão de Salvador acaba se contaminando nessas cidades próximas, propagando o vírus no retorno à capital.

Bem sei que todos estão cansados da pandemia. Mas chegamos até aqui, não vamos desistir agora. Nos próximos meses, a vacinação vai ganhar um ritmo muito mais ágil. Contamos agora com o bom senso da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permitiu que estados e municípios possam negociar diretamente a compra das vacinas com os laboratórios. Além disso, o Ministério da Saúde garantiu que nós teremos mais vacinas. Quando a vacina chegar de verdade, em quantidade, vai ser muito rápido. Nós temos capacidade de vacinar milhares de pessoas por dia.

A prefeitura está fazendo a parte dela. O estado está fazendo a parte dele. Então, faça também sua parte: não aglomere, mantenha o distanciamento e use máscara.”

28 de fevereiro de 2021, 11:15

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