terça-feira, 23 de abril de 2024

Zika, uma realidade incômoda – por Dr. José Amandio

A Zika é uma doença viral aguda, transmitida principalmente por mosquitos, tais como Aedes aegypti, caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias.

No entanto, desde o início do ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a epidemia de Zika como emergência de saúde pública de interesse internacional. A despeito de maior conhecimento sobre a doença e o grande investimento em tratamentos e desenvolvimento de vacinas contra o vírus Zika, a realidade ainda é muito triste principalmente para milhares de gestantes acometidas e que poderão ser infectadas pelo vírus.

Um estudo recente publicado no JAMA Neurology, em outubro 2016, por Dr Amilcar Tanuri (UFRJ, Brasil), comprovou a presença de outras alterações do desenvolvimento do sistema nervoso central como a síndrome de Guillan-Barré, encefalite, mielite, déficit neurológico agudo e papiledema pós-infeccioso, além da microcefalia.

Por isso, sugere-se o termo “síndrome congênita do (vírus) Zika” ao termo “microcefalia associada à infecção pelo vírus Zika”. Acredita-se que a microcefalia é conseqüência de várias lesões cerebrais.

Outro dado recente é a confirmação da possibilidade de transmissão sexual do vírus. Um artigo divulgado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) descreve a transmissão do vírus de um homem com infecção assintomática que retornou da Republica Dominicana para os estados Unidos para sua parceira. Já se sabia sobre a possibilidade de transmissão do vírus por homens infectado com sintomas, prém a maioria dos casos são assintomáticos.

Nem todas as notícias são pessimistas. Diversas pesquisas para o desenvolvimento de antivirais para bloquear a transmissão do vírus para o feto através da placenta e vacinas contra o vírus estão acontecendo com grande possibilidade de que a vacina contra o vírus Zika poderá terá ampla atividade, podendo proteger contra todos os sorotipos, genótipos e cepas, informou o Dr. Mulligan.

Contudo, o Verão acaba de chegar ao Brasil e com ele, uma potencial nova onda de casos de Zika. De novembro a janeiro as temperaturas podem ficar extremamente elevadas na região e os mosquitos são muito mais prevalentes, aumentando o risco de transmissão da doença. Por isso, não podemos descuidar. O mosquito que transmite a Zika é o mesmo que transmite a dengue e Chikungunya.

A melhor forma de se evitar a infecção ainda é a prevenção, combatendo os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do mosquito transmissor da doença, combatendo o mosquito e utilizando repelente. Proteja-se.

Dr. José Amandio é formado em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em cirurgia plástica. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Santa Izabel e escreve quinzenalmente a coluna de saúde do Toda Bahia. E-mail: clinicajamandio@gmail.com

05 de dezembro de 2016, 11:00

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