terça-feira, 23 de abril de 2024

Tragédia na Fenagro 2015 poderia ter sido evitada – por José Lopes

Por melhores que tenham sido as notícias anunciadas para a agropecuária baiana durante a Feira Internacional da Agropecuária (Fenagro) de 2015, que termina exatamente neste domingo (06) e esperava movimentar cerca de R$ 100 milhões, esta edição do evento ficará marcada pela trágica morte do cavalo Forró da Cardeal, eletrocutado em uma das baias do Parque de Exposições de Salvador.

Bicampeão brasileiro master de marcha (2009 e 2011), Forró do Cardeal era motivo de orgulho para os seus proprietários do Haras Caraíbas, localizado em Ipirá, e para os criadores da raça Mangalarga Marchador em nosso Estado.

A desorganização dos gestores do Parque de Exposições pode ser colocada na conta do atual governo da Bahia, que já trocou por três vezes – apenas este ano – o gestor da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri): a primeira secretária de agricultura foi a médica veterinária Fernanda Mendonça, nomeada no mês de janeiro e que durou menos de 30 dias no cargo; o segundo foi o deputado estadual Paulo Câmera (PDT), exonerado no dia 25 de novembro por motivo de saúde; e o terceiro, que assumiu a Seagri exatamente às vésperas da realização da Fenagro, foi o também deputado estadual Vítor Bonfim (PDT).

montagem secretários agricultura bahia

A morte do cavalo, avaliado em cerca de R$ 200 mil, foi ainda motivo de um imbróglio político entre o governador Rui Costa (PT) e a administração do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), representado pelo secretário municipal de Urbanismo, Sílvio Pinheiro (SD). O gestor da Sucom interditou o evento na segunda-feira, 30 de novembro, por conta da ausência de autorização da Vigilância Sanitária e do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).

Para Rui Costa, o evento não poderia ser interditado “para não prejudicar o agronegócio baiano”. A resposta de Pinheiro ao governador foi de que “a Fenagro não poderia estar acima da segurança”. E no meio de toda essa confusão – que poderia ter sido evitada se tudo ocorresse dentro da lei -, prejudicaram-se todos: público, expositores e até as “autoridades”. Triste Bahia.

Encerro esta coluna com uma homenagem a Forró do Cardeal e aos seus criadores, principais vítimas dessa tragédia.

José Lopes é jornalista, diretor executivo do Toda Bahia e escreve quinzenalmente sobre agronegócio. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

06 de dezembro de 2015, 07:40

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