quinta-feira, 25 de abril de 2024

Para não dizer que eu também não falei de flores – por Tatiana Matos

O Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta, somos um país megadiverso. E de qualquer sorte possuímos uma vasta legislação protetiva da flora, com diversos instrumentos legais tratando sobre o tema. A nossa Constituição Federal, por seu turno, dispõe como incumbência do Poder Público a proteção da fauna, com vedação de práticas que coloquem em risco a função ecológica e provoquem a extinção de espécies. A criação de espaços protegidos, como, unidades de conservação, áreas de preservação permanente e a reserva legal visam sobretudo controlar a exploração da fauna.

E como ontem, no dia 23, iniciou-se a primavera, que confesso ser a minha estação preferida, cuja característica principal é o reflorescimento da flora e em assim sendo, trata-se de momento de prosperidade. Destaco então que no Xamanismo celebra-se nesta estação a “Mãe Terra”, honra-se os espíritos da natureza e as sementes são abençoadas. Já na religião neopagã Wicca celebra-se o Ostara, com o despertar da Terra e com sentimentos de equilíbrio e renovação. As antigas tribos indígenas consideravam como estação do despertar.

Lembrei então da canção “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, advogado, cantor, compositor, poeta e violonista brasileiro, autor deste hino, por assim dizer, do movimento estudantil que fazia oposição a ditadura militar ao longo dos anos do regime militar no Brasil. Ressalte-se que em uma das estrofes da música, que para mim é na verdade uma magistral composição poética, ele diz “pelas ruas marchando, indecisos cordões, ainda fazem da flor, seu mais forte refrão, e acreditam nas flores, vencendo o canhão”. Foi associado assim às flores a harmonia.

Na verdade, várias são as simbologias e os significados que associamos as flores, contudo, desde a antiguidade tem-se que as mesmas são o símbolo do ciclo vital, entendendo-se como um conjunto de transformações pelo qual podem passar os indivíduos de uma espécie para assegurar a sua continuidade.

Destarte, que a energia da primavera nos impulsione a fazer a hora e não esperar acontecer, que esta estação seja então o início de um florescimento de sentimentos de pureza, amor e harmonia. E como a hora é agora, vamos proteger a biodiversidade, vamos nos proteger.

Tatiana Matos é advogada, mestra em Desenvolvimento Sustentável na UnB, professora, consultora e sócia-coordenadora da Área Ambiental no Escritório Romano Advogados e Associados. Ela escreve às quintas-feiras sobre Meio Ambiente no Toda Bahia. E-mail: tatiana-matos@uol.com.br

24 de setembro de 2015, 08:00

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