sábado, 20 de abril de 2024

O mercado imobiliário reage? – por Pacheco Maia

O mercado imobiliário dá leves sinais de reação. Ainda não é por aqui. Em Salvador, a expectativa é de que os lançamentos só sejam retomados a partir do segundo semestre de 2017. Mas, pelo menos, em São Paulo, novos projetos de unidades habitacionais começam a ser ofertadas. No mês passado, foram duas mil. Na capital baiana, ainda se queima o estoque que era de 17 mil em 2011, mas há mais de cinco mil remanescentes, aguardando compradores.

Na avaliação do diretor da Ademi, Cláudio Cunha, os novos empreendimentos em Salvador só começam a sair do papel depois do início da vigência da nova Lei de Ordenamento e do Uso e Ocupação do Solo (Louos), a partir do ano que vem. O processo de incorporação imobiliária não é imediato, demanda, além de concepção e elaboração de projetos, burocracia. Então só a partir de julho haverá a oferta de novos imóveis.

Experiente e profundo conhecedor do mercado, Cunha observa que o perfil dos novos empreendimentos não seguirá a tendência do boom (2007/2011), quando as grandes empresas nacionais, capitalizadas pela bolsa de valores, invadiram o mercado baiano com seus condomínios clubes, sedentas pela venda em escala. A oferta será de produtos adequados à realidade, sem megalomanias.

A ressaca do boom veio com o desaquecimento paulatino e a recessão econômica destruindo empregos e extinguindo o crédito. Resultado: a escalada de cancelamentos de contratos, os famigerados distratos, que atingiram números inéditos no país. Nos últimos três anos, o mercado vem patinando. Isso não quer dizer que não tenham surgido oportunidades àqueles com dinheiro na mão. Muito pelo contrário. Teve gente que se deu bem com a infalível lei de que, com a oferta maior do que a demanda, o preço cai.

Notícia alvissareira. Nesta semana, a Caixa Econômica Federal resolveu dar uma recuada nos juros. Depois de inflá-los e dificultar bastante o acesso ao financiamento imobiliário desde o ano passado, a Caixa inopinadamente anunciou a redução de até três pontos percentuais nas taxas que estavam em 12% ao ano, mesmo sem ainda estar estancada a evasão de recursos da poupança, principal fonte do banco para financiar os imóveis.

Reduzir juros é sempre salutar ao mercado imobiliário, onde os bens são de valores relativamente altos e comprados em longo prazo. Vamos ver se este anúncio da Caixa não tem o mesmo efeito da baixa do preço da gasolina pela Petrobras que não chegou até hoje ao consumidor. Não basta baixar os juros, é preciso que os mutuários tenham acesso a esses recursos mais baratos para adquirirem seus imóveis.

Lamentável, acordar nesta sexta-feira (11/11) e ficar sabendo que Leonard Cohen se foi. Outro dia foi Elvis, Glauber, Vinícius, Lennon, Chet Baker, Raul Seixas, Jobim, Sinatra, Jorge Amado, Fernando Sabino, Dorival Caymmi, Lou Reed, João Ubaldo, BB King e David Bowie, uma plêiade de artistas verdadeiros que deixa de iluminar este mundo… Mas ainda bem que tem o YouTube. Valeu, Cohen.

Pacheco Maia é jornalista, vencedor do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo 2001 e escreve sobre mercado imobiliário desde 1998, quando iniciou na Gazeta Mercantil, onde atuou como correspondente até 2009. Ele escreve sobre Mercado Imobiliário às sextas-feiras no Toda Bahia. E-mail: pachecomaia05@gmail.com

11 de novembro de 2016, 11:00

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