terça-feira, 16 de abril de 2024

O ecofeminismo – por Tatiana Matos

Foto: A ecofeminista francesa Françoise d´Eaubonne

No último dia 08 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, diversas homenagens foram feitas, vários eventos (debates, conferências, reuniões) foram realizados e muito foi discutido sobre o atual papel da mulher na sociedade moderna. E nada mais justo do que esta coluna, que trata sobre meio ambiente, aproveitar a semana comemorativa para falar sobre o ecofeminismo, que por seu turno, deriva das palavras ecologia e feminismo e faz uma correlação entre ambas.

Importante esclarecer que o termo “ecofeminismo” foi criado no início da década de 70, pela feminista francesa Françoise d´Eaubonne em seu trabalho “Lê Feminisme ou La Mort” (Feminismo ou a Morte), que o definia como “a capacidade das mulheres, como impulsoras de uma revolução ecológica, de ocasionar e desenvolver uma nova estrutura relacional de gênero entre os sexos, bem como entre a humanidade e o meio ambiente”.

O ecofeminismo tem como aspiração um convívio sem dominante e dominado, onde a palavra chave é “complementação” e jamais uma exploração desmedida. Em assim sendo, temos o início de um cultivo de relações colaborativas ao invés de relações dominantes, reestruturando assim a noção de poder, afinal, tem-se um direcionamento para igualdade social, política e econômica. E na defesa do meio ambiente busca a valorização de todos os seres e da vida.

Fazendo um breve retrospecto observamos nas religiões ancestrais a visualização do universo como um grande mãe. Na mitologia grega a “mãe Terra” teria criado Gaia, que é a personificação do planeta Terra e é representada como uma mulher gigantesca e poderosa. E por muito tempo as Grandes Deusa, dos vikings e dos celtas, foram cultuadas por representar inclusive, a Mãe Terra e o princípio gerador da vida, além do destaque na relação entre a fertilidade da terra e a fertilidade da mulher.

Numa sociedade matriarcal as mulheres eram responsáveis pela colheita dos alimentos e de água para sua família, por isto mesmo tinha uma ligação mais direta e mais sensível com a natureza, sempre agindo com cuidado e com solidariedade. E o ecofemismo está aí no intento de buscar por fim à cultura patriarcal capitalista de submissão da mulher frente ao homem e a governos. Buscando a substituição desta relação de degradação por relações de parceria e solidariedade. Em busca da ética do cuidado entres os seres vivos e da defesa do meio ambiente, valorizando a vida e repensando as limitações do planeta e uma mudança séria e drástica no paradigma civilizatório, antes que seja tarde de mais para nós seres humanos.

E ainda dizem que a mulher é o sexo frágil. Como diria Erasmo Carlos, “mas que mentira absurda”.

Tatiana Matos é advogada, mestra em Desenvolvimento Sustentável na UnB, professora, consultora e sócia-coordenadora da Área Ambiental no Escritório Romano Advogados e Associados. Ela escreve às quintas-feiras sobre Meio Ambiente no Toda Bahia. E-mail: tatiana-matos@uol.com.br

10 de março de 2016, 10:50

Compartilhe: