quinta-feira, 28 de março de 2024

Números confirmam recessão profunda – por Pacheco Maia

Os distratos, cancelamentos dos contratos de compra e venda de imóveis, continuam dando dor de cabeça às incorporadoras. De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), na comparação entre março de 2016 e 2015, houve aumento de 14% nas devoluções de unidades habitacionais no país.

Esse resultado negativo incidiu na ampliação do estoque de imóveis residenciais e comerciais disponíveis para venda. Segundo a Abrainc, o setor fechou o último mês de março com o excedente de 113.022 unidades imobiliárias, volume superior em 4,5% ao mesmo período do ano passado. No comparativo março/fevereiro de 2016, a variação foi de 1,5%.

Assim como outras atividades econômicas, o mercado imobiliário sofre os efeitos da recessão por que passa o Brasil. As dificuldades enfrentadas vão desde a falta de confiança do comprador num cenário de crescente desemprego à contração do crédito, cuja oferta caiu à metade, com a agravante ainda do aumento das taxas de juros.

Nesse contexto, a situação não poderia ser outra senão a queda das vendas. Os dados da Abrainc também apontam desempenho negativo nesse quesito. No primeiro trimestre deste ano, a comercialização de imóveis diminuiu 16%, embora, aponte o levantamento, tenha havido aumento de 18,2% de lançamentos no período. A concentração desta nova oferta teria ocorrido em março.

Esses números são nacionais e se baseiam em informações das 19 maiores incorporadoras associadas à Abrainc. Não há o recorte estadual, o que nos impede de apresentar como está a situação da Bahia especificamente. Mas certamente a realidade aqui é bem pior, como vem se constatando nos dados macroeconômicos, divulgados oficialmente pelo IBGE, como o desemprego, no qual o estado baiano tem a maior taxa de desempregados do país no primeiro trimestre deste ano: 15,5%.

Infelizmente a entidade que representa o setor no Estado, a Ademi-Bahia, não tem se interessado muito em divulgar dados sobre o mercado. No máximo, distribui algumas informações muito mal coletadas entre os associados. Esperamos que a volta de Cláudio Cunha à diretoria neste novo biênio de gestão sob a mesma presidência dê uma revitalizada na Ademi-BA.

Pacheco Maia é jornalista, vencedor do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo 2001 e escreve sobre mercado imobiliário desde 1998, quando iniciou na Gazeta Mercantil, onde atuou como correspondente até 2009. Ele escreve sobre Mercado Imobiliário às sextas-feiras no Toda Bahia. E-mail: pacheco.maia@todabahia.com.br

20 de maio de 2016, 15:15

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