sexta-feira, 29 de março de 2024

Na contramão do PIB brasileiro, o agronegócio cresce – por José Lopes

Foto: Cultivo de cebola deve ter um aumento no faturamento em torno de 116% (Divulgação)

Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) do País espera amargar uma redução de 3% em 2015, o PIB do agronegócio brasileiro deve alcançar um crescimento de 2,4% e ampliar sua participação na geração interna de riquezas para 23%. As informações são do “Balanço 2015, Perspectivas 2016” publicado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) no último dia 10 de dezembro.

Vale registrar também o aumento de 2% na área destinada à agropecuária, segundo o Ministério da Agricultura, o que tem relação direta com a regularização fundiária no Matopiba (fronteira agrícola formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e com o desmatamento na Amazônia.

Dentre as 17 culturas agrícolas acompanhadas pela CNA e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as atividades que devem apresentar ampliação no faturamento, seja pela alta dos preços ou da produção, são os cultivos de cebola (116%), batata (16%), laranja (9%), café (4%), cana-de-açúcar (1%) e fumo (1%).

Já a pecuária – que conseguiu abrir o mercado norte-americano para a exportação de carne “in natura” – deve crescer 5%, resultado da valorização dos preços em 15%. A CNA atribui esse aumento principalmente à baixa oferta de animais e à recuperação das exportações de carne bovina. Pelo lado da oferta, a expectativa é de queda de 9% na produção.

Para o leite, entretanto, a expectativa é de retração no faturamento. A queda de 12% no faturamento da cadeia leiteira é reflexo da redução dos preços e da produção. Segundo o Cepea/Esalq/USP, os produtores fecharam 2015 recebendo R$ 0,9673/litro na média nacional, menor valor pago desde 2010.

Como destacou o presidente da CNA, João Martins, na apresentação do Balanço, nem tudo são flores: “permanecemos preocupados com as agruras da falta ou excesso de chuva, a instabilidade dos preços, os altos custos dos insumos e os problemas de escoamento da safra”.

Mesmo assim, a expectativa da entidade é de obter um aumento de 3,7% do faturamento bruto dos produtos agrícolas em 2016, atingindo R$ 328,8 bilhões. A CNA aposta suas fichas no crescimento robusto no faturamento do café (9,5%) e da cana-de-açúcar (9,7%), e crescimentos mais modestos para o arroz (0,9%), feijão (1,4%), milho (1,5%), soja (4%) e trigo (2,2%).

Uma medida importante para estimular a produção agrícola foi anunciada pelo governo federal na última quinta-feira (31): em decorrência da seca prolongada, o governo suspendeu a cobrança das dívidas dos produtores da região Nordeste até o dia 31 de dezembro de 2016.

A notícia traz mais tranquilidade aos agricultores nordestinos neste ano que se inicia, até porque, segundo os meteorologistas, a ação do El Niño no clima brasileiro só deve diminuir entre os meses de abril e maio.

José Lopes é jornalista, diretor executivo do Toda Bahia e escreve quinzenalmente sobre agronegócio aos domingos. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

03 de janeiro de 2016, 07:40

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