sexta-feira, 29 de março de 2024

Mastoplastia e amamentação são compatíveis? – por Dr. José Amandio

O desejo de realizar alguns projetos pessoais e profissionais, faz com que muitas mulheres adiem o desejo de engravidarem. Muitas vezes no entanto, a insatisfação com o volume ou a forma mamaria as levam a procurar um cirurgião plástico, mas uma duvida sempre as atormentam. Se engravidarem posteriormente, poderão amamentar?

A capacidade de amamentar pós mastoplastia depende da técnica cirúrgica utilizada (por exemplo, algumas técnicas necessitam a enxertia do complexo areolomamilar), da quantidade de tecido ressecado, da presença ou não de complicações, de fatores psicológicos, dentre outros aspecto. Em busca de consenso, diversas publicações científicas mundiais (entre elas uma revisão sistemática publicada em 2010 no Journal of Plastic, Reconstructive & Aesthetic Surgery), buscaram definir a habilidade das mulheres que realizaram mamoplastias redutoras em amamentar.

Os resultados desses estudos mostram que não parece haver diferença significativa na capacidade de amamentar após mamoplastia redutora em comparação com mulheres que não foram submetidas a essa intervenção. Muitos estudos mostraram que as dificuldades relacionadas à amamentação nessas condições parecem ser mais explicadas por questões psicossociais relacionadas ao aconselhamento recebido dos profissionais de saúde do que por incapacidade física de amamentar. Esses artigos mostram que cerca de 75% das mulheres que foram operadas mantiveram a capacidade de amamentar. Portanto é um mito a impossibilidade de amamentar pós-mastoplastias redutoras.

As mulheres que realizarm mastoplastia antes de engravidarem devem ser orientadas e estimuladas a amamentarem seus filhos. O apoio psicológico e informações são fundamentais a todas as gestantes, mais em particular a esse grupo.

Algumas recomendações: considerar a técnica cirúrgica utilizada, quando não há enxertia de aréola, a possibilidade de aleitamento é mais provável; aconselhar e informar que o aleitamento materno é possível e encorajá-la a iniciar o amamentação o mais cedo possível e com bastante freqüência, não esqueçam que a capacidade de produzir leite entre as mulheres varia muito e não pode ser prevista, independentemente de ter sido operada ou não; monitorar a gestante e verificar sinais de produção e ejeção láctea. O pediatra deverá acompanhar o lactente, seu adequado crescimento, hidratação e funções de eliminação; a capacidade de amamentar no início não significa que a produção láctea posterior será suficiente quando o lactente requerer volumes cada vez maiores, o acompanhamento é necessário para assegurar-se que a transferência do leite está possibilitando a sustentação do crescimento.

Dr. José Amandio é formado em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em cirurgia plástica. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Santa Izabel e escreve quinzenalmente a coluna de saúde do Toda Bahia. E-mail: clinicajamandio@gmail.com

29 de novembro de 2015, 10:00

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