Marketing eleitoral em baixa – por Gustavo Falcón
Um fato marca as próximas eleições cuja campanha está perto de ser iniciada: a ausência dos marqueteiros do primeiro plano das atividades. A mudança da legislação, a justa preocupação do povo brasileiro com a corrupção, tema que de longe ocupa o primeiro lugar em todas as enquetes – mais que a saúde – e principalmente a Operação Lava Jato explicam essa mudança.
Guindados à condição de ideólogos e criadores, esses escribas modernos tornaram-se peça indispensável na demagogia eletrônica gerando efeitos especiais e malabarismos visuais decisivos para influenciar o voto da maior parte do eleitorado, suscetível a esse tipo de apelo.
Postos em desgraça são agora malvistos pela opinião pública e perdem com isto a raríssima oportunidade de ganhar fortunas em curtas jornadas de trabalho.
A desmoralização da “profissão” deverá revalorizar as figuras dos jornalistas e politicólogos nas campanhas e quem sabe, contribua para colocar as propostas de trabalho na merecida condição de prioridade.
Cada época valoriza uma atividade profissional. Na ditadura, os economistas e administradores viveram um momento auspicioso. Na abertura, os jornalistas foram pro centro da cena. Na última década, o marqueteiro brilhou na surdina dos embates eleitorais para agora ser enterrado como ramo de atividade nefasta.
A pressão da sociedade vai redefinir o papel desses profissionais nas campanhas, mas uma coisa é certa: os altos cachês jamais voltarão a acontecer como aconteceram no passado recente da história da propaganda política no País.
Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br