quinta-feira, 25 de abril de 2024

Marketing eleitoral em baixa – por Gustavo Falcón

Um fato marca as próximas eleições cuja campanha está perto de ser iniciada: a ausência dos marqueteiros do primeiro plano das atividades. A mudança da legislação, a justa preocupação do povo brasileiro com a corrupção, tema que de longe ocupa o primeiro lugar em todas as enquetes – mais que a saúde – e principalmente a Operação Lava Jato explicam essa mudança.

Guindados à condição de ideólogos e criadores, esses escribas modernos tornaram-se peça indispensável na demagogia eletrônica gerando efeitos especiais e malabarismos visuais decisivos para influenciar o voto da maior parte do eleitorado, suscetível a esse tipo de apelo.

Postos em desgraça são agora malvistos pela opinião pública e perdem com isto a raríssima oportunidade de ganhar fortunas em curtas jornadas de trabalho.

A desmoralização da “profissão” deverá revalorizar as figuras dos jornalistas e politicólogos nas campanhas e quem sabe, contribua para colocar as propostas de trabalho na merecida condição de prioridade.

Cada época valoriza uma atividade profissional. Na ditadura, os economistas e administradores viveram um momento auspicioso. Na abertura, os jornalistas foram pro centro da cena. Na última década, o marqueteiro brilhou na surdina dos embates eleitorais para agora ser enterrado como ramo de atividade nefasta.

A pressão da sociedade vai redefinir o papel desses profissionais nas campanhas, mas uma coisa é certa: os altos cachês jamais voltarão a acontecer como aconteceram no passado recente da história da propaganda política no País.

Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br

15 de agosto de 2016, 08:30

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