sexta-feira, 19 de abril de 2024

José Padilha promete contar o lado oculto da Operação Lava Jato

Apesar do exílio voluntário em Los Angeles (EUA), Padilha acompanha atentamente os últimos desdobramentos da vida política brasileira pelo assunto estar diretamente ligado ao seu próximo trabalho: uma série de televisão para a Netflix sobre a Operação Lava Jato, a maior investigação sobre corrupção na história do País. Esta será a segunda produção da Netflix no Brasil, depois de “3%”, hoje gravada em São Paulo por César Charlone.

“Atualmente, a distância me ajuda a pensar melhor sobre o Brasil e sobre a Lava Jato, sem me deixar levar pelo embate ideológico. Vejo muita gente inteligente, incluindo artistas, tomando posições que não condizem com a sua capacidade intelectual, sua sensibilidade e mesmo seu talento”, afirma Padilha.

Caso de polícia – A polarização deixa Padilha cada vez mais convencido de que o brasileiro “passa à margem do debate, sem perceber o que realmente importa”. A questão ideológica e política estaria, na visão do diretor, ofuscando a realidade atual do País, “que nada mais é do que um caso de polícia”. “O foco deveria cair sobre a operação policial que conta com estrutura jurídica que não existia antes, que é a lei da delação premiada [em vigor desde 2013]. De agora em diante, o empreiteiro contratado para fazer obra no Estado vai pensar duas vezes antes de aceitar entrar no esquema de corrupção, pois agora existe risco”, diz Padilha.

A caneta – Para Padilha, poucos se deram conta do que estava realmente em jogo na votação do impeachment. “Era a caneta do presidente. O que querem aqueles que estão implicados em esquemas de corrupção ou à beira de serem implicados? Aí eu incluo [Michel] Temer; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o presidente da Câmara, Eduardo Cunha; o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o senador Aécio Neves. Seu intento é um só: parar a Lava Jato. Senão vai todo mundo parar na cadeia, seguindo o destino de José Dirceu”, afirma, referindo-se ao ex-ministro da Casa Civil, preso na 17ª fase da operação, em agosto de 2015.

 

29 de abril de 2016, 16:00

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