quinta-feira, 25 de abril de 2024

“Errei ao procurar quem não deveria”, desabafa Aécio em artigo

O senador afastado Aécio Neves assinou artigo intitulado “O Crime da Calúnia” na manhã desta segunda-feira (22) na Folha de São Paulo, onde assume que errou ao procurar Joesley Batista para pedir um “empréstimo”. Esse foi o último artigo assinado pelo tucano na Folha. O ex-presidente do PMDB disse, ainda, que os últimos aconteceram trouxeram imensa tristeza para ele e voltou a afirmar que é inocente.

“Tornei-me alvo de um turbilhão de acusações, fui afastado do cargo para o qual fui eleito por mais de 7 milhões de mineiros e vi minha irmã ser detida pela polícia sem absolutamente nada que justificasse tamanha arbitrariedade. Tenho sentimentos, sou de carne e osso, e esses acontecimentos – o que é pior, originados de delações de criminosos confessos, a partir de falsos flagrantes meticulosamente forjados- me trouxeram enorme tristeza”, disse o tucano.

Aécio classificou a gravação de Joesley como covarde e disse, ainda, que foi ingênuo por não perceber que o empresário tenta conduzir a conversa de forma a criar constrangimentos para ele.

“Tudo isso sofreu um abalo sísmico, na semana passada, com a divulgação de gravações covardemente feitas pelo réu confesso Joesley Batista de conversas com o presidente da República e de outras que manteve comigo. Nestas, ele tenta conduzir o diálogo para criar-me todo tipo de constrangimento. Lamento sinceramente minha ingenuidade – a que ponto chegamos, ter de lamentar a boa-fé! Não sabia que na minha frente estava um criminoso sem escrúpulos, sem interesse na verdade, querendo apenas forjar citações que o ajudassem nos benefícios de sua delação”.

O tucano reafirmou a sua inocência e criticou o posicionamento da imprensa. Aécio declarou também que a sugestão de fazer um empréstimo surgiu do próprio Joesley.

“Mas reafirmo: não cometi nenhum crime! Setores da imprensa vêm destacando uma acusação do delator de que, em 2014, eu teria recebido R$ 60 milhões em ‘propina’. Mas muito poucos tiveram a curiosidade de pesquisar e constatar que isso se refere exatamente aos R$ 60 milhões que a JBS doou legalmente a campanhas do PSDB naquele ano (…) Foi do delator a sugestão de fazer um empréstimo com recursos lícitos, que ele chamava “das suas lojinhas”, e que seria naturalmente regularizado por meio de contrato de mútuo, até para que os advogados pudessem ser pagos. O contrato apenas não foi celebrado porque a intenção do delator não era esta, mas sim criar artificialmente um fato que gerasse suspeição e contribuísse para sua delação. Daí por diante, fomos vítimas de uma criminosa armação feita por elementos que não se constrangeram em criar falsas situações para receber em troca os extraordinários benefícios de sua delação, inclusive ganhando dinheiro especulando contra o Brasil e contra os brasileiros, em razão da crise provocada pela divulgação das gravações. Para eles, o crime e a calúnia certamente compensam”, diz o artigo.

O senador assumiu que errou ao procurar o empresário e lamentou ter pedido para sua irmã também procurar Joesley na intenção de vender o apartamento em que sua mãe morava.

“Errei ao procurar quem não deveria. Errei mais ainda, e isso me corrói as vísceras, em pedir que minha irmã se encontrasse com esse cidadão, que em processo de delação arquitetou um macabro e criminoso plano para obter certamente ainda mais vantagens em seu acordo”, escreveu o tucano.

Aécio finalizou o artigo dizendo que dedicará cada dia da vida a provar sua inocência e afirmou que acredita na “democracia, na Justiça e na integridade das nossas instituições”.

22 de maio de 2017, 13:02

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