sexta-feira, 19 de abril de 2024

Diógenes Rebouças: sustentabilidade antes da moda – por Pacheco Maia

A moderna arquitetura, que teve como expoentes mundiais, o francês Le Corbusier e o alemão Mies Van Der Rohe, ganhou contornos tropicais na Bahia pelo arquiteto e urbanista Diógenes Rebouças. O baiano da cidade de Amargosa é o autor de projetos que remodelaram a face urbana de Salvador entre os anos 1940 e 1960.

Avenidas de vale e ícones da moderna arquitetura baiana, como o Hotel da Bahia, o Estádio da Fonte Nova e a Escola Parque, passaram pela prancheta de Rebouças. “Ele é o maior arquiteto da Bahia no período”, afirma o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Nivaldo Andrade, autor de trabalhos acadêmicos sobre a arquitetura baiana da época.

Para Andrade, Diógenes Rebouças adequou o repertório internacional da arquitetura moderna à realidade local, a exemplo de Armando de Holanda no Recife. “Diógenes, como outros arquitetos nordestinos, teve a preocupação de adequar seus projetos ao clima da região, que é tropical úmido com grande incidência de sol”.

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A Faculdade de Arquitetura da (Ufba) é um exemplo dado por Nivaldo Andrade de projeto de Diógenes Rebouças que segue os pressupostos reunidos no livro “Roteiro para Construir no Nordeste”, do pernambucano Armando de Holanda. “Lá estão a criação de sombra, convivência com a natureza, o vazamento de muros para permitir a ventilação cruzada, a proteção de janelas, abertura de portas, continuidade de espaços, a construção com pouco e frondosamente”.

Realmente quem chega à Faculdade de Arquitetura, localizada num dos morros do bairro da Federação, em Salvador, se depara com um conjunto de prédios integrados bastante arejados e harmonizados com a natureza. Logo na entrada está o pórtico, uma área coberta e sem paredes laterais, com vista para um gramado. É uma área de convivência de alunos e professores.

As salas de projetos da faculdade dispensam aparelhos de ar condicionado. Em amplos espaços contínuos, janelões em esquadrias de alumínio com venezianas possibilitam a ventilação cruzada e a entrada de luz natural. No auditório professor Américo Simas Filho, as paredes são constituídas de cobogós, elementos vazados de concreto, também possibilitando o arejamento do espaço e a dispensa de equipamentos elétricos para atenuar o calor.

Pacheco Maia é jornalista, vencedor do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo 2001 e escreve sobre mercado imobiliário desde 1998, quando iniciou na Gazeta Mercantil, onde atuou como correspondente até 2009. Ele escreve sobre Mercado Imobiliário semanalmente no Toda Bahia. E-mail: pacheco.maia@todabahia.com.br

03 de julho de 2016, 10:30

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