quinta-feira, 18 de abril de 2024

De olho em 2018 – por Gustavo Falcón

Dada a chatice desses dias da política federal, me permita o leitor falar de sucessão municipal, uma esfera menor, mas não menos importante da nossa vida institucional. Faltando pouco mais de três meses para as eleições, o maior colégio do estado, a capital, se encontra diante de uma situação inusitada, embora lembre os embates de outrora.

Um prefeito bem avaliado deverá enfrentar a oposição, que no primeiro turno parece vir com mais de duas opções. De um lado, o carlismo renovado e com excelente desempenho. De outro, pelo menos dois nomes históricos e respeitados em Salvador: a senadora Lídice da Matta e a deputada comunista Alice Portugal.

O comandante da oposição, governador Rui Costa (PT), já deu provas de que não está para Jacques Wagner como Paulo Souto estava para Antônio Carlos. Além de trabalhador, ele lidera de fato a tropa para o combate. Mas não pode fazer de maneira a se expor demasiadamente, porque uma derrota na capital em outubro pode , e muito, complicar seus projetos para 2018.

O quadro é mais ou menos o seguinte: Salvador parece querer ficar mais um tempo com Neto e se esse quadro não se alterar, o melhor é marcar o terreno, mas sem dar a cara à tapa.

O governador que é também muito bem avaliado, ele mesmo, não vai disputar a eleição. Pode e deverá emprestar seu prestígio ao candidato oposicionista que melhor se colocar no proscênio, mas na condição de comandante não pode confundir o seu papel nessa difícil empreitada.

Rivalizando em obras com a Prefeitura, o Governo tenta minimizar a ação do Prefeito e deverá dizer isso na sua propaganda em alto e bom som. Mas se a oposição não mostrar com clareza o que e como vai fazer para estar à altura do atual prefeito, nem a história, nem a biografia de Lídice e Alice juntas serão capazes de alterar a preferência de hoje.

De qualquer sorte, ganha Salvador, que depois do desastroso João Henrique assistiu certo reflorescimento administrativo e passou a ser menos indulgente com a demagogia. Venha quem vier terá que se medir pelo diapasão do atual alcaide.

Se não for assim, a derrota pode se transformar em surra e 2018 vai estar ainda mais próximo do encontro de Neto com Rui.

Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br

11 de julho de 2016, 10:00

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