quinta-feira, 28 de março de 2024

Cicatrizes – por Dr. José Amandio

Apesar de serem inevitáveis em qualquer cirurgia, as cicatrizes costumam ser uma das principais causas de queixas no pós-operatório de qualquer especialidade.

As alterações do processo de reparo do tecido, a cicatrização, podem gerar resultados inestéticos ou funcionais nas cicatrizes resultantes, podendo provocar até mesmo dor, prurido ou limitações de alguns movimentos. Entre esses distúrbios pode-se citar: retração cicatricial, atrofia cicatricial; hipertrofia cicatricial e queloides.

Na atrofia cicatricial pode apresentar-se como uma cicatriz alargada, por vezes hipocrômica, onde o a derme lesada não é reparada totalmente por tecido cicatricial. Estas cicatrizes ficam situadas em nível pouco inferior ao da pele e a formação das estruturas dérmicas ocorre de forma incompleta. Cicatrizes atróficas geralmente são hipossuficientes.

Na hipertrofia cicatricial e no queloide ocorre o contrário. Ocorre uma formação excessiva de tecido conjuntivo. A cicatriz hipertrófica, a mais frequente e comumente chamada de queloide, caracteriza-se por apresentar-se de forma saliente acima do nível da pele, permanecendo, porém, sempre restrita à área do ferimento.

Apesar de sabermos que apresentam teores mais elevados de colágeno e proteoglicanos, as causas da formação excessiva desses componentes matriciais extracelulares por fibroblastos ainda não estão esclarecidas. A hipertrofia cicatricial é mais frequente em regiões de feridas submetidas a forças de tração elevadas. Isto ocorre, principalmente, nas feridas em posição transversal às principais linhas de tensão.

O queloide, manifestação patológica mais exuberante e por vezes mais grave, caracteriza-se pela excessiva proliferação de tecido de cicatrização fibroso. O queloide não respeita os limites do ferimento, infiltrando-se no tecido sadio adjacente, por vezes tornando-se muitas vezes mais elevada e irregular que a cicatriz original. No inicio, apresenta-se rubra, tornando-se, mais tarde, escura. Normalmente, começa a formar-se após alguns meses após o trauma que a gerou (06 a 12 meses após a lesão).

Há alguns fatores predisponentes para a formação de queloides: histórico familiar; alterações cicatriciais (infecções, seromas, tensão excessiva na ferida); apesar de mais comum na raça negra, pode apresentar-se em caucasianos, amarelos e mestiços; região lesada de maiores tensão (tórax, ombros, regiões escapulares, lóbulos de orelhas, etc.).

O tratamento do queloide é, muitas vezes, difícil, sendo frequente o seu retorno. A retirada cirúrgica deve sempre ser acompanhada de outros tratamentos (infiltração de corticóides; compressão; radioterapia, crioterapia, LASER, LIP-luz intensa pulsada, entre outros).

A ressecção isolada apresenta alto índice de recidivas. Geralmente, essas alterações cicatriciais são tratadas por cirurgiões plásticos e/ou dermatologistas. Procure seu médico ele indicará o melhor tratamento para o seu caso.

Dr. José Amandio é formado em medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especialista em cirurgia plástica. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, chefe do Serviço de Cirurgia Plástica do Hospital Santa Izabel e escreve quinzenalmente a coluna de saúde do Toda Bahia. E-mail: clinicajamandio@gmail.com

29 de maio de 2016, 07:40

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