Cerveja com aroma do bem – por Ernesto Falcón

Incensando o baixo astral que ronda a politicagem em Brasilia, mando aqui uma receita fantástica dos verdadeiros proprietários do Brasil, os índios. Fuçando trechos da publicação de Luís da Câmara Cascudo, o emblemático “Dicionário do Folclore Brasileiro”, lembrei instantaneamente da minha passagem pelo Norte do País.

Conta uma lenda no Pará, que índios Manaus (da raça Aruaca) cultuavam um ser misterioso chamado Piripiri, um guerreiro que era meio material e meio espiritual, que exalava um perfume intenso e inebriante por onde passava. O perfume era tão mágico que atraía a atenção de todas as donzelas da aldeia e consequentemente acabavam visitando sua oca (casa). Moral da história, o segredo perfumado de Piripiri estava na raiz da priprioca. O nome veio de “piripiri-oca”, que significa “morada de Piripiri”. A raiz é usada até hoje em diversas magias e para a fabricação de poções de sedução e sorte.

A verdade é que a cervejaria Amazon Beer, de Belém do Pará, adotou essa raiz encontrada apenas na região amazonense para criar uma uma Red Ale especial, a Priprioca. Além do aroma definitivamente atraente, essa Red Ale oferece notas herbais, frutadas e amadeiradas. Intitulada por muitos de chá, adotei preferencialmente esse rótulo para amenizar minhas farras mais volumosas escolhendo-a para o gran finale. Sua formula equilibra o desgaste da desidratação e agressões provocadas pelo álcool.

Medalha de Bronze no Concurso Brasileiro de Cervejas, essa Red Ale com 6% de ABV, mantém bom equilibro entre malte e lúpulo. O sabor confirma o amadeirado, além de um amargor ácido, sensação que se prolonga no retrogosto e certamente cairá nas graças de quem aprecia ervas medicinais. Exótica pelo aroma e acertada no sabor. Um brinde ao incenso sedutor da Priprioca e aos benefícios da sua raiz.

Ernesto Falcón é jornalista e escreve sobre cervejas especiais quinzenalmente aos sábados no Toda Bahia. E-mail: ernesto.falcon@todabahia.com.br