quinta-feira, 28 de março de 2024

Cacauicultura vive momento de recuperação – por José Lopes

O pedido de revisão da política de drawback do cacau (isenção de impostos na importação de insumos de produtos exportados) apresentado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA)  ao governo federal na semana que passou é um sinal claro de que a cacauicultura brasileira vive um momento de franca recuperação.

Os resultados obtidos na safra 2013/2014 com a produção de 279 mil toneladas de amêndoas – sendo 73% da safra nacional produzida na Bahia – , a moagem de 229 mil toneladas e a garantia de bons estoques de amêndoas pelos próximos seis meses foram argumentos mais do que decisivos para a formalização deste pedido que, além de garantir mercado para o produtor local, evita riscos de contaminação com a importação de cacau “in natura” da África e da Ásia.

Com o fim do drawback, os preços do cacau, que vinham sendo empurrados para baixo com a importação do produto, tendem a se recuperar mesmo com o fechamento em leve baixa nas bolsas de Nova York e Londres no final de julho, com a tonelada do produto sendo negociada a US$ 3.203,00. Segundo o analista de mercado Thomas Hartmann, os preços para o produtor baiano “devem permanecer inalterados em R$120 a R$132 a arroba sustentados pela alta da cotação do dólar”, afirma.

Expansão da lavoura – Outra boa notícia para os cacauicultores vem da região Oeste da Bahia, que tem obtido bons resultados com a produção de cacau irrigado. Graças ao clima seco do cerrado, os frutos e amêndoas produzidos por lá são livres de pragas como a vassoura de bruxa e a podridão parda, que precisam de umidade para se proliferar.

Segundo a Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), a tentativa de adaptação do cacau no Oeste da Bahia se dá de maneira associada a outras culturas, com destaque especial para a banana. Em quase dez anos de experimentos, alguns agricultores de Barreiras têm conseguido uma produtividade em torno de 90 arrobas por hectare, resultado que nada fica a dever à tradicional região produtora de cacau do Sul da Bahia, que chega a produzir 100 arrobas por hectare nas suas melhores fazendas, mas com um gasto considerável no manejo.

Evento – Nos dias 12 e 13 de agosto, a Cooperativa Agrícola de Gandú (Coopag) e o Instituto Ampliê realizam o I Simpósio da Cacuicultura Baiana de Gandú e Região. As inscrições podem ser feitas pelo site www.institutoamplie.com.br.

José Lopes é jornalista, diretor executivo do Toda Bahia e escreve sobre Agronegócio aos domingos. E-mail: j.lopes@todabahia.com.br

02 de agosto de 2015, 07:40

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