Aviso aos eleitos – por Gustavo Falcón

A dimensão e a magnitude alcançada pela corrupção no Brasil transformou esse aleijão num problema semelhante à subversão nos anos 60 do século passado. Ou era o socialismo via luta armada ou a milicada na base da força.

O que quero dizer é que ou o País enfrenta esse trauma de frente e em profundidade ou nada nos fará sair desse simulacro, dessa caricatura de democracia.

É hora das forças mais conscientes e avançadas encararem o fato. O País precisa se livrar desse câncer que é a corrupção sistêmica que tomou conta de tudo. Da vida partidária, do cotidiano das instituições, da cabeça das pessoas, de todas as dimensões da vida social. Rouba o pobre, rouba o rico, todo mundo passa a mão e a sociedade se move nesse contexto de malandragem onde o tráfico, o negócio, a gestão pública tudo se confunde num grande eixo de marretagem e desvio envolvendo a todos.

Sérgio Moro não pode sozinho conter a lógica de uma sociedade corrupta. Nem qualquer eleição pode responder a uma crise moral que degrada os valores que deveriam mover as pessoas.

É chegada a hora do País arranjar uma saída institucional para a corrupção. Uma comissão da verdade. Uma via para os que roubaram assumirem os pecados e abrirem a possibilidade de renascerem como os cristãos quando confessam um pecado.

Ou se trabalha na perspectiva de superação dessa doença ou o País vai se transformar numa espécie de paraíso para malandro, figura aliás exaltada pela esquerda e que saiu do lúmpem para a burguesia.

O exemplo vem de cima: além de gestores de qualidade, o que parece ter sido a opção de parte de grande número de eleitores nesse pleito, pessoas comprometidas com a honestidade.

Não furtar passa a ser depois da república sindicalista, uma virtude fundamental no nosso País. Para dar certo, temos que encarar a inclinação para o furto, da mais baixa categoria ao mais alto estrato social.

Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política às segundas-feiras no Toda Bahia. E-mail:
gustavo.falcon@todabahia.com.br