quarta-feira, 24 de abril de 2024

As raposas de volta – por Gustavo Falcón

O governo Temer pode não ser o da preferência nacional dos brasileiros, mas nem por isso pode ser classificado como anti-democrático. Ele surgiu da democracia imperfeita que brotou da promiscuidade entre a esquerda e o “centrão”. É filho legítimo de uma relação pouco honrosa entre nacional-desenvolvimentistas e fisiológicos.

A babaquice de chamá-lo de golpista e sem legitimidade é ilação de um esquerda autista e de setores inconformados do bloco populista que rompeu ao bater na imensa rocha da crise econômica. E o bloco rachou porque ficou difícil saquear as empresas públicas como a Petrobras em tempos de dificuldades e sob a preocupação de acionistas lesados e uma Imprensa cada vez mais atenta.

Mas o fato de não ser golpista não quer dizer que o governo Temer seja santificado. Ele está muito longe da honradez que poderia se contrapor às malandragens do PT.

O ninho do PMDB está repleto de cobras criadas e picaretas de variada procedência. De tal maneira que boa parte do trabalho dessa administração será, sem dúvida, dedicada ao malabarismo de nos fazer crer que sob os cuidados da raposa o galinheiro pode prosperar.

Em um País onde a esquerda – tradicional escudeira dos valores – acabou nas barras do Judiciário, tudo é possível! Inclusive a conversão milagrosa de velhos meliantes em estadistas. A turma que ocupa hoje o núcleo duro do poder é catedrática na matéria, se comparada aos neófitos petistas.

Este assunto é de tal gravidade que a polêmica natimorta do golpe incensada por setores deslocados do poder é conversa de criança diante dos assuntos decididamente importantes da agenda do País.

Gustavo Falcón é jornalista, escritor, doutor em História Social pela UFBA e consultor de Programas de Governo. Ele escreve sobre Política no Toda Bahia. E-mail: gustavo.falcon@todabahia.com.br

27 de setembro de 2016, 07:30

Compartilhe: