sexta-feira, 19 de abril de 2024

Ano novo, velhos problemas – por Rommel Cavalcanti

Foto: Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa

O ano de 2016 começa hoje para este espaço de discussão em assuntos de economia. Após um longo período de férias, durante o qual celebrou-se a chegada de um novo ano, este colunista pretendia modificar radicalmente o tom pesado e pessimista dos textos aqui postados durante todo o ano de 2015.

Ansiava por trazer boas novas sobre o desempenho da economia nacional que permitissem vislumbrar melhores dias para as vidas de todos nós brasileiros em um futuro próximo. E elaborar um artigo em um tom esperançoso, apontando para excelentes perspectivas econômicas. O texto seria construído com palavras agradáveis e repletas de leveza e doçura, que levassem o leitor a sonhar com um ambiente cheio de felicidade que estivesse ao alcance de suas vistas e sensações.

Mas, infelizmente, ainda não será assim. O ano de 2016 chegou enredado nos mesmos problemas deixados por 2015, o que nos leva a manter as previsões pessimistas tão cantadas no ano passado.

Politicamente, o quadro continua muito ruim. A oposição aposta suas fichas em um processo de impeachment contra a presidente Dilma e tem o apoio de Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Este, juntamente com o presidente do Senado, está envolvido em denúncias de corrupção. Além disso, diversos políticos estão sendo investigados pela Operação Lava Jato, gerando um ambiente de extrema tensão política e muitas incertezas.

Internamente, a economia continua a apresentar números muito ruins. Enquanto o ajuste fiscal não chega, os indicadores econômicos se deterioram cada vez mais dia após dia. O real está bastante enfraquecido e se desvalorizando, com o dólar batendo na casa dos quatro reais. A produção industrial permanece em queda e o desemprego em crescimento.

Na semana passada, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgou que quase cem mil lojas do País fecharam as portas no ano de 2015. Nesta terça (16), o IBGE informou que as vendas do comércio fecharam em queda de 4,3% no ano passado, interrompendo uma série de onze anos de crescimento ininterrupto. Este é o pior resultado registrado desde que tais dados começaram a ser coletados, em 2001.

Externamente, o ambiente permanece bastante desfavorável para o Brasil. O preço das commodities no mercado internacional está extremamente baixo – o barril de petróleo circula na casa dos 30 dólares. A economia chinesa continua dando sinais de arrefecimento, derrubando a procura por commodities e levando seus preços a patamares cada vez mais baixos. Analistas temem o recrudescimento de uma nova crise global, o que tem afetado o desempenho das bolsas em todo o mundo.

Como se vê, o ano de 2016 promete ser bastante difícil. Ano novo, problemas velhos…

Rommel Cavalcanti é graduado em Economia e Direito, Mestre em Desenvolvimento e Gestão Social, com MBA em Economia pela George Washington University e especialização em Gestão de TIC, Direito do Trabalho e Direito Processual. Ele é auditor fiscal pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (Sefaz) e escreve sobre economia às quartas-feiras no Toda Bahia. E-mail:
rommelcavalcanti@yahoo.com.br

17 de fevereiro de 2016, 12:00

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