quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ali abriu caminho para Obama – por Alberico Gomez

Cassius Marcellus Clay Junior morreu na noite de sexta-feira, 3 de junho, como Mohammed Ali-Haj aos 74 anos. Tudo que Mohammed Ali fez e foi deve-se ao seu talento como o maior lutador de boxe de todos os tempos (o cubano Teófilo Stevenson tricampeão olímpico morreu em 2012 aos 62 anos e nunca quis largar a ideologia para tentar o profissionalismo. Ali ganhou um medalha de ouro em Roma 1968).

Mohammed Ali foi um militante contra o segregacionismo – e por isso se converteu ao Islã – que se recusou a ir à Guerra do Vietnã mas acabou sendo absolvido pela Suprema Corte americana. Essa militância fez com que no dia 30 de outubro de 1974 em Kinshasa, Zaire, atual República Democrática do Congo, Ali enfrentasse George Foreman. Ali ganhou e o evento ficou conhecido como a “A luta do século”.

Na verdade, foi o primeiro evento organizado por Don King que vendeu a luta pelo melhor preço para o governo do Zaire. A luta teve repercussão mundial, os africanos ficaram orgulhosos. O mundo voltou os olhos para o continente africano como queria Ali e Don King ganhou dinheiro. O evento rendeu um grande livro: “A luta” de Norman Mailer (1975), e um filme documentário “Quando éramos reis” de Leon Gast (1996), ganhou o Oscar em 1997.

Em 2001, Will Smith viveu Ali no longa “Ali” de Michael Mann. O filme fez jus a biografia da Lenda e Smith foi indicado ao Oscar.

Mohammed Ali tinha um estilo inconfundível, bailava e surpreendia os adversários com golpes rápidos e certeiros, um gênio privilegiado fisicamente como Pelé e Jordan.

Ali foi vencido pelo mal de Parkinson que chegou cedo demais, provavelmente por causa dos golpes que recebeu na cabeça (foram 56 vitórias como profissional e apenas 5 derrotas ). Obama disse que Ali sempre será “o campeão”.

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Pelé disse que Ali era seu amigo, seu ídolo e seu herói. Pelé como Ali fez muito pela luta contra o racismo, mas apenas jogando futebol, não tinha a militância de Mohammed, por isso até hoje é perseguido em seu próprio país, o Brasil, por uma certa crônica engajada de esquerda – e por ser negro.

Ali morreu como um pacifista que defendia o islamismo como uma religião não violenta. Foi o maior de todos no boxe e como disse o presidente Barack Obama – que quebrou o maior paradigma de todos os tempos se tornando o primeiro presidente negro dos Estados Unidos disse – “Ali mudou o arco da História”.

Ali foi um gigante igual a Mandela, Luther King, Jordan, Pelé e Obama. Gênio da raça que com o seu talento lutou contra a nódoa do racismo e uniu os povos.

05 de junho de 2016, 08:00

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