quinta-feira, 28 de março de 2024

A Oi já vai tarde – por Pacheco Maia

Foto: Caixa telefônica da Oi localizada no Jardim Brasil (Pacheco Maia / Arquivo pessoal)

Feriadão junino. E todo mundo toma o caminho da roça. Pelo menos, é assim no Nordeste, onde as capitais são trocadas pelo interior. Mas, quando é possível transitar tranquilamente pelas avenidas das grandes cidades nordestinas sem os estressantes congestionamentos, cumpro atrasadamente a rotina de ocupar este espaço. Novamente fugirei do assunto que intitula esta coluna: mercado imobiliário.

Escaparei dele, no entanto, observando que uma questão a ser tratada aqui brevemente será a atuação da incorporadora Moura Dubeux ultimamente em Salvador. Em tempos de baixa atividade do mercado, a empresa pernambucana tem se notabilizado na capital baiana, como a mais atuante, principalmente no estocado segmento residencial, com variada oferta de produtos, embora se sobressaia os de alto padrão.

A Moura Dubeux vai ficar para outro dia, porque antes terei que entrevistar algum representante de lá e dele ouvir as intenções da empresa nesta investida baiana. Então, por ora, tratarei de um dos assuntos dos últimos dias: a derrocada da operadora telefônica OI. A companhia ocupou e tem ocupado as manchetes da mídia com seu pedido de recuperação judicial. Reconheceu a insolvência financeira e partiu para tentar uma sobrevida depois de acumular dívida de mais de R$ 50 bilhões.

Eu não quero nem entrar no mérito das razões administrativas econômicas e financeiras que levaram esta empresa, que já foi chamada de Telemar, ao cadafalso mercadológico. Por experiência própria de ex-cliente, que se desligou há quase 10 anos dos péssimos serviços desta operadora, sempre tive certeza deste previsível destino falimentar.

Para mim, nem precisam ser comprovadas as negociatas inerentes a esta companhia desde o nascedouro, ainda no processo de privatização, que só cresceram na era petista e praticamente decretaram a sua iminente falência. Há quase 10 anos por volta de 2007/2008, quando finalmente consegui me libertar dela com o surgimento de uma concorrente de telefonia fixa em Salvador, a Oi já manifestava de maneira insuportável os maus serviços e, o pior, a má-fé na relação com seus clientes.

Havia uma tal de Oi Conta Total, que abrangia telefone fixo, celular e internet, que mensalmente reservava surpresas aos assinantes com suas cobranças absurdas. E ai daquele que tentasse contestar os valores indevidos. Eram horas esperando atendimento ao telefone para resolver o problema que não era solucionado de forma amistosa. Nunca prevaleceu na Oi a máxima: “O cliente sempre tem razão”. A saída era apelar aos juizados de defesa do consumidor.

A incompetência (para não dizer outra coisa) da Oi não era só no relacionamento com os clientes. A internet contratada por não sei quantos megas era entregue sempre com menos do que era pago. Não poderia ser de outra maneira. Qualquer pessoa pode constatar a falta de investimento em infraestrutura da Oi, circulando pelas rua e observando o estado lastimável das caixas telefônicas dessa operadora.

Em Salvador, não é difícil na Barra, no Campo Grande, Canela, Brotas. Federação, Pituba ou qualquer outro bairro, flagrar as caixas telefônicas sem portas, expostas à chuva, a vândalos e até mesmo a criminosos. No estado em que se encontram esses equipamentos, além dos problemas de interrupção das conexões de internet, é muito fácil a qualquer mal-intencionado grampear a linha de alguém para fazer ligações ou até mesmo ouvir as conversas alheias.

Essas caixas telefônicas são o retrato da Oi, uma empresa que cavou o próprio buraco pelo descompromisso empresarial e o desrespeito ao consumidor, embora sempre aparecesse bonitinha na mídia em razão de grandes investimentos em marketing e propaganda. Quem não tem competência não se estabelece. Vade retro!

Pacheco Maia é jornalista, vencedor do Prêmio Banco do Brasil de Jornalismo 2001 e escreve sobre mercado imobiliário desde 1998, quando iniciou na Gazeta Mercantil, onde atuou como correspondente até 2009. Ele escreve sobre Mercado Imobiliário às sextas-feiras no Toda Bahia. E-mail: pacheco.maia@todabahia.com.br

25 de junho de 2016, 11:00

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