sexta-feira, 19 de abril de 2024

A cerveja, a onda de calor e o dólar – por Ernesto Falcón

Os hipsters que curtem cerveja artesanal precisam ficar atentos. Assim como a economia e política brasileira, o setor está em estado de alerta por dois motivos cruciais. O primeiro é que a alta do dólar, moeda que dirige o controle dos insumos base da produção das artesanais, está em descontrole. E o segundo é que o sufocante calor que atinge as áreas de cultivo nos EUA  e na Europa ameaça a colheita do lúpulos.

O Vale do Yakima, no Estado de Washington, maior produtor de lúpulos aromáticos usados para dar sabor às cervejas artesanais, passou por momentos de temperatura acima dos 37ºC nos últimos meses. Alemanha e Eslovênia, também grandes produtores de lúpulos, foram igualmente prejudicadas pela onda de calor.

Na sequência, a alta do dólar que incide diretamente na produção das cervejas artesanais vem como efeito dominó. Pois o manuseio das especiais exigem de quatro a dez vezes mais lúpulos que a cerveja média das grandes multinacionais.

Apesar de quase toda colheita de cevada do País ser direcionada para a fabricação de cerveja em escala industrial e para o crescente mercado da bebida artesanal muitos produtores preferem adquirir o insumo importado, o que acaba pesando no bolso.

O fechamento do dólar em R$ 4,15 na última semana veio como um efeito cascata para o setor. Para o empresário e defensor das artesanais, Guilherme Pauperio, o consumidor sentirá nos próximos dias o peso da instabilidade da moeda no País.

“Esse mercado incerto acaba desestabilizando todo o setor. Hoje fui fazer um pedido em um distribuidor local e senti de imediato o repasse da alta do dólar no produto. É ainda um nincho que sofre com a instabilidade do governo e da economia no Brasil”, disse Paupério.

Resultado é que essa crise de identidade política e econômica sofrida no pais atinge diretamente o mercado da cerveja. Esperamos que tudo se resolva o mais rápido possível, pois o setor além de receber uma carga tributária desigual, sofre com a alta do dólar.

Um brinde à esperança, que nunca morre entre os brasileiros.

Ernesto Falcón é jornalista e escreve sobre cervejas especiais aos sábados no Toda Bahia. E-mail: ernesto.falcon@todabahia.com.br

 

26 de setembro de 2015, 10:00

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